Título: Juiz manda MST sair de área no Pontal
Autor: Tomazela, José Maria
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/05/2007, Nacional, p. A9

O juiz Francisco José Dias Gomes, da Comarca de Pirapozinho (SP), determinou ontem a desocupação da Fazenda Ipezal, invadida desde domingo pelo Movimento dos Sem-Terra (MST) em Mirante do Paranapanema, no Pontal. A fazenda é do presidente da União Democrática Ruralista (UDR), Luiz Antonio Nabhan Garcia. Foi a quarta área invadida na região durante o ¿abril vermelho¿, a jornada de lutas do MST.

O juiz ordenou o imediato despejo das 120 famílias e autorizou o uso de força policial se necessário. Determinou ainda que o MST não monte acampamento num um raio de 10 quilômetros da área.

No fim da tarde, o coordenador do MST Valmir Rodrigues Chaves disse que os sem-terra ainda não tinham sido intimados e que uma desocupação imediata não seria possível. ¿Se o juiz manda a gente se afastar 10 quilômetros, precisamos de prazo para conseguir o transporte. O sem-terra não pode sair no asfalto com a tralha nas costas¿, argumentou.

Nabhan vai pedir à Polícia Ambiental vistoria na gleba invadida logo após a saída dos sem-terra. Segundo ele, os invasores cortaram madeira nativa para montar os barracos, o que configuraria crime ambiental.

MORTE

No Pará, o MST fechou a Rodovia Belém-Brasília, entre os municípios de Mãe do Rio e São Miguel do Guamá, em protesto pela morte de Antonio Santos do Carmo, de 60 anos. De acordo com o coordenador estadual do movimento Ulisses Manaças, pistoleiros dispararam contra um acampamento de famílias no quilômetro 302 da rodovia. Além de Antonio, morto por um tiro na cabeça, sete sem-terra ficaram feridos.

Manaças disse que os tiros partiram de homens encapuzados numa caçamba dirigida pelo motorista do arrendatário da Fazenda São Felipe. É na frente dessa fazenda que as 220 famílias estão acampadas há 2 meses.

Até o fim da tarde, a rodovia não fora liberada. O MST diz que só vai liberá-la depois que o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) desapropriar a fazenda. Vistoria constatou que a área é grilada e pertence à União. A polícia ainda não localizou os criminosos.