Título: Empresários vêem foco em inovação
Autor: Farid, Jacqueline
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/05/2007, Economia, p. B4

O discurso feito ontem pelo novo presidente do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, acendeu as esperanças de representantes de setores como o siderúrgico, eletroeletrônico e de comércio exterior de contarem com um aliado na instituição de fomento. 'A chegada do Luciano marca um engajamento maior do banco com os objetivos da política industrial', acredita o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Armando Monteiro Neto.

'Mais do que um discurso, foi uma verdadeira aula', elogiou. Monteiro Neto enfatizou, na explanação de Coutinho, o destaque ao desenvolvimento tecnológico, o que considerou uma 'visão muito moderna no sentido do que representa a inovação para o futuro da indústria brasileira'.

A ênfase à inovação tecnológica também foi o ponto alto do discurso para Eugênio Staub, presidente do conselho de administração da Gradiente. 'Ele focalizou o que saiu de moda atualmente, que são os segmentos dinâmicos, de maior intensidade tecnológica', disse Staub. O empresário concluiu que haverá um 'foco maior' no BNDES, a partir de agora, para esses setores. 'Vai dar certo, ele sabe tudo, há anos está preparado (para o cargo).'

CÂMBIO NEUTRO

Para o vice-presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, Coutinho apoiará a luta dos exportadores por um 'câmbio neutro'. Para ele, o novo presidente do banco 'busca um equilíbrio entre as exportações de commodities e manufaturados, e para isso é preciso uma taxa de câmbio neutra'.

Augusto de Castro avalia que essa taxa de câmbio só surgirá como conseqüência de uma política de governo para cuja formatação, na sua avaliação, Coutinho contribuirá, mesmo que não haja expectativa de uma solução de curto prazo. Ele disse considerar o câmbio neutro entre R$ 2,40 e R$ 2,50 que, hoje, agradaria a 80% dos exportadores.

A abrangência das colocações de Coutinho, que permearam todos os setores da economia, foi bem recebida também pelo vice-presidente-executivo do Instituto Brasileiro de Siderurgia (IBS), Marco Polo de Mello Lopes. Para ele, o discurso mostrou uma 'conotação pró-desenvolvimento'.

Segundo o executivo, Coutinho conhece profundamente a área industrial, com destaque para o setor siderúrgico.

Especificamente sobre a siderurgia, Marco Polo avalia que o banco é importante, 'não tanto em investimentos, mas sob a ótica (do desenvolvimento) da cadeia do setor'.