Título: Trabalhador tem pouco para celebrar
Autor: Rosa, Vera
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/05/2007, Nacional, p. A4

As celebrações do Dia do Trabalho seriam melhores se a economia do País tivesse crescido em patamares mais adequados às necessidades da classe trabalhadora. De maneira geral, os indicadores econômicos ficaram aquém daqueles prometidos por Luiz Inácio Lula da Silva, o primeiro sindicalista a assumir a Presidência no Brasil.

Mas ainda assim há motivos para comemorar. A começar pelo período democrático que o País vive - o mais longo de sua história, o que é relevante para o sindicalismo independente, um dos primeiros alvos de regimes autoritários.

De modo mais específico, no atual governo ocorreu um pequeno aumento no número de trabalhadores com carteira assinada. E os rendimento também cresceram. ¿Discretamente, mas cresceram, interrompendo um processo de arrocho violento que se estendia por quase 15 anos¿, observa o sociólogo Clementes Gans Lúcio, da assessoria técnica do Dieese.

Outro motivo de comemoração apontado por ele foi o corte na introdução de medidas de flexibilização das leis trabalhistas: ¿Nos anos 90, foram adotadas cerca de 20 medidas, transformadas em lei, destinadas a flexibilizar a legislação nesta área. Elas iam da criação do banco de horas aos contratos de tempo parcial e tempo determinado. E agora, em quase cinco anos de governo Lula, não tivemos mais medidas dessa natureza.¿ Ainda há mais um motivo para comemorar, segundo o técnico do Dieese: a taxa de sindicalização de trabalhadores cresceu discretamente.

Isso é atribuído sobretudo ao esforço que os sindicatos estão fazendo para atrair novos associados e, dessa maneira, aumentar o seu cacife nas mesas de negociações que o governo Lula oferece. É claro que existe uma controvérsia em relação a essas mesas. Enquanto de um lado há quem afirme que os sindicatos nunca foram tão bem tratados, do outro os críticos afirmam que eles perderam combatividade e se tornaram correias de transmissão das decisões do Planalto.