Título: Grau de investimento é 'questão de tempo' para o BC
Autor: Fernandes, Nalu
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/05/2007, Economia, p. B3

A conquista do grau de investimento pelo Brasil ¿é uma questão de tempo e de continuação de políticas bem-sucedidas¿. A afirmação é do presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, em entrevista em Nova York. Segundo Meirelles, a relação dívida/PIB está em queda, o País tem forte balanço de pagamentos e inflação sob controle. ¿Tudo faz com que os indicadores melhorem cada vez mais. É uma questão de tempo até que as agências de rating cheguem a suas conclusões.¿

¿O Brasil cresce acima de 4% ao ano. O que era uma dúvida hoje está claro com os números revisados¿, afirmou. ¿Grau de investimento chegará, mas compete ao ritmo de cada agência¿, acredita.

Nenhum país está imune a choques, comentou Meirelles ao ponderar que, agora, os mercados estão de volta ao chamado ¿mundo normal¿. Para ele, o mercado doméstico de renda fixa tende ao crescimento. Com estabilidade no front da inflação, diz Meirelles, ¿é natural que este mercado se torne mais determinante, refletindo demanda e oferta¿.

Em relação ao câmbio, Meirelles garantiu que o Banco Central continuará trabalhando para evitar distorções e acumulando reservas. A uma platéia de investidores, Meirelles observou que, entre os países que acumulam reservas, o Brasil tem o menor nível de reservas na proporção do PIB.

Dados do BC indicam que as reservas internacionais totalizavam US$ 118,5 bilhões em 23 de abril. O presidente do BC mostrou que, em 2006, o volume de reservas em porcentagem do PIB era de 10% para o Brasil, 15% para o Chile, 28% para Rússia, 26% para Coréia e 43% para a China. Quanto ao câmbio, Meirelles mostrou um gráfico de volatilidade indicando que o real está relativamente em linha com o iene e o euro quando comparados ao dólar.

O Banco Central espera a continuação da tendência de crescimento do crédito como porcentual do PIB. ¿Para que o crédito cresça, é preciso inflação estável, na meta. É necessário previsibilidade para que tomadores e emprestadores sintam-se confortáveis em assumir riscos de crédito¿, acrescentou. Para o Brasil, a relação crédito/PIB está em torno de 36%, enquanto para o Chile é de cerca de 70% e para Coréia de 110%. Segundo Meirelles, houve avanços. ¿Em 2003 o crédito ficou 21% do PIB¿, lembrou.

Outro desafio, segundo o presidente do BC, é aumentar o nível de investimento. ¿O investimento privado para infra-estrutura no PAC é parte importante do desafio¿, completou.