Título: Nome da missionária estava em lista no Pará desde 1999
Autor: Mendes, Carlos
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/05/2007, Nacional, p. A4

Embora figurasse desde 1999 em uma ¿lista negra¿ de fazendeiros e madeireiros da região de Anapu, no Pará, a missionária americana Dorothy Stang sempre se recusou a abandonar o trabalho. ¿Não quero fugir, nem abandonar a luta dos camponeses que vivem sem nenhuma proteção em plena selva¿, dizia.

Comparada ao líder seringueiro Chico Mendes, morto em dezembro de 1988, irmã Dorothy atuava na linha de frente dos movimentos sociais no Pará havia cerca de 40 anos. Desde 1972, unida às mulheres e agricultores da comunidade Sucupira, desenvolvia projetos sustentáveis para geração de emprego e renda com reflorestamento em áreas degradadas. A repercussão de seu trabalho ultrapassou as fronteiras do Estado e ganhou dimensão internacional.

Amada pelos lavradores pobres, era chamada de ¿santa¿ pelas famílias a quem atendia e de ¿satanás da Transamazônica¿ por seus desafetos. ¿Sei que eles querem me matar, mas não vou fugir. Meu lugar é aqui, ao lado dessas pessoas constantemente humilhadas por gente que se considera poderosa¿, afirmou irmã Dorothy ao Estado, em sua última entrevista, concedida dez dias antes do crime.