Título: Movimento ataca política de cotas
Autor: Brandt, Ricardo
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/05/2007, Nacional, p. A6

Em seu primeiro aniversário, o Movimento Negro Socialista (MNS) comemorou ontem em São Paulo o 13 de Maio, data do fim oficial da escravidão no Brasil, com um ato em defesa da igualdade de raças e contra a política de cotas.

Reunidos na sede de uma organização não-governamental, no centro da cidade, militantes negros debateram a importância do 13 de Maio e cobraram união dos mais radicais que rejeitam a data em que a princesa Isabel oficialmente acabou com a escravidão no Brasil.

O sociólogo Demétrio Magnoli, um dos que compuseram a mesa de debates, afirmou que o Brasil não comemora a data da abolição da escravidão porque ¿até hoje a versão histórica que prevalece nas escolas é a versão que foi contada pelos imperialistas¿.

Segundo ele, ¿a data em que a princesa humanista pegou na pena para abolir a escravidão¿ marca uma conquista que não é apenas dos negros, mas de todos os brasileiros. ¿A abolição foi a primeira luta social de âmbito nacional no Brasil¿, afirmou. ¿Quando a princesa Isabel assina o ato de rendição do Império, mais de três quartos dos escravos já haviam sido libertados ou haviam fugido¿, conclui.

O sociólogo criticou ainda entidades que apontam a existência de uma ¿racismo escondido e acuado¿ no País, como forma de justificar a necessidade do Estatuto da Igualdade Racial e outras políticas para afrodescendentes. ¿Eu não entendo, eles querem o racismo avançando, um racismo que não esteja acuado?¿

Defensor do fim das políticas afirmativas, Magnoli acredita que as cotas e outras medidas que diferenciam negros e brancos para conceder benefícios sociais semeiam conflitos baseados nos ideais raciais.

Para um dos diretores do MNS, José Carlos Miranda, o 13 de Maio não pode ser esquecido e deve servir como estímulo para a luta contra o Estatuto da Igualdade Racial, contra as políticas de ação afirmativa e a política de cotas raciais.