Título: Otimista, mercado revisa inflação futura para baixo
Autor: Dantas, Fernando
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/05/2007, Economia, p. B3
Com a inflação dando sinais claros de que pelo segundo ano consecutivo ficará na faixa dos 3% e as expectativas do mercado para 2008 mantendo-se firmes em 4% há 16 semanas, ganha força entre os economistas a tese, advogada pelo Banco Central, de que a meta de inflação do País para 2009 deveria ser reduzida para 4% e que banda de tolerância, hoje em dois pontos porcentuais, poderia ser menor.
Em junho, o Conselho Monetário Nacional (CMN) se reúne para confirmar a meta de 4,5% para 2008 e fixar a meta de inflação para 2009.No governo, o debate está apenas começando e a expectativa é que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva dê a palavra final em um debate, no qual o consenso entre o Ministério da Fazenda e o Banco Central (BC) não está descartado.
Por enquanto, no entanto, o que há de concreto é o desejo do BC de reduzir a meta e o do ministro da Fazenda, Guido Mantega, de manter os 4,5%. Mantega não está arredio como em outros momentos e enviou sinais de que pode aceitar a tese do BC. Por isso, deixou de manifestar abertamente sua predileção por manter a atual meta.
No mercado, os economistas francamente apóiam uma redução na meta a partir de 2009. Em relatório divulgado na semana passada, o departamento econômico do Bradesco, chefiado pelo economista Octávio de Barros, defendeu a mudança. 'Essa é uma oportunidade para aproximar a meta de inflação brasileira do padrão de outros países emergentes e tornar permanente a redução da inflação nos últimos anos', diz o documento.
Sérgio Goldenstein, economista da ARX Capital e ex-chefe do Departamento de Mercado Aberto do BC, também defende uma meta menor a partir de 2009. Ele considera que não seria conveniente para o País aceitar uma inflação maior depois conviver com índices de preços ao redor de 3,5% ao ano. 'Uma meta menor não vai prejudicar a trajetória de queda da taxa de juros', afirmou.