Título: Os rendimentos, o consumo e o PIB
Autor:
Fonte: O Estado de São Paulo, 29/04/2007, Economia, p. B2

Ao divulgar, na última quinta-feira, os resultados da pesquisa mensal de emprego, referente ao mês de março - na qual a taxa de desocupação teve ligeira alta em relação a fevereiro e, com 10,1%, ficou praticamente igual à de março do ano passado (10,4%) -, o IBGE apresentou também o resultado de um importante trabalho que vem fazendo, sem que o divulgasse desde março de 2002.

Trata-se do levantamento mensal do crescimento da massa de rendimentos da população brasileira, indicador muito útil para se avaliar o resultado de políticas econômicas adotadas pelos governos, assim como o desenvolvimento do mercado de consumo e, eventualmente - assim que análises mais apuradas sejam feitas -, o desenvolvimento do potencial de poupança da população ocupada.

Antes de mais nada, é bom lembrar que esse levantamento - que passará a ser divulgado, doravante, também mensalmente - não deve ser confundido com o que já era de conhecimento público, referente à massa salarial. Isso porque a massa de rendimentos se refere não apenas à soma dos salários pagos, mas ao rendimento médio real efetivo de toda a população ocupada, aí incluídos os empregadores pessoas físicas e as pessoas que trabalham por conta própria.

Na nota técnica também divulgada pelo IBGE está explicada a metodologia utilizada para atribuir um valor aos rendimentos não declarados ou não informados pelos que foram entrevistados para a pesquisa. O gerente da pesquisa, Cimar Azeredo, informava que, em 2006, dos ocupados abordados pela pesquisa, 2,3% não responderam qual era o seu rendimento - como seria previsível, por terem rendimentos muito elevados ou serem empregadores.

O notável é que a massa de rendimentos apurada em fevereiro de 2007 foi de R$ 22,5 bilhões para as seis regiões metropolitanas - 7,7% maior do que a de fevereiro de 2006, o maior crescimento observado desde 2002, quando se iniciou a pesquisa. Em 2003 foi negativo: -0,2%; em 2004, ainda negativo: -1,9%; em 2005, positivo: +6,8%; em 2006, um pouco menor: +3,5%; e, agora, +7,7%.

É um indício firme de que o crescimento do PIB que se observa, ainda insuficiente, todavia, resulta, basicamente, de pressão do consumo que, inflado pelo aumento dos rendimentos e pela relativa queda das taxas de juros e crescimento do crédito, começa agora a estimular um maior afluxo de investimentos privados.