Título: Um problema que fez até Einstein desistir
Autor:
Fonte: O Estado de São Paulo, 29/04/2007, Economia, p. B7
As obras das hidrelétricas do Rio Madeira estão paradas para que os técnicos busquem respostas a uma pergunta que nem duas gerações da família Einstein conseguiram responder. Além dos prejuízos à reprodução dos bagres, o Ibama quer estudar melhor o efeito que as obras causarão na deposição de sedimentos no leito e nas margens dos rios da região.
Teme-se que os sedimentos, que fertilizam as terras próximas dos rios, fiquem retidos nos reservatórios. Segundo especialistas ouvidos pelo Estado, o comportamento de sedimentos é um dos temas científicos mais difíceis. Eles dizem que não há como saber com exatidão onde o sedimento se depositará, e em qual quantidade.
Existem formas aproximadas, como o Método de Einstein, desenvolvido por Hans Albert Einstein, filho do genial Albert Einstein. Hans foi professor de Hidrologia e Sedimentologia na Universidade de Berkleley. Sua tese de doutorado tratou do transporte de sedimentos. Ele contou que o pai, ao saber que pretendia se especializar nessa área, o desestimulou. Albert pai sabia do que estava falando. Ele próprio fizera sua tese de doutorado nesse campo, sem conseguir grandes avanços. Desanimado, desistiu dos sedimentos e iniciou os estudos que o levaram a desenvolver a Teoria da Relatividade.
Dificuldades einsteinianas à parte, os especialistas reconhecem que a preocupação com os sedimentos do Madeira é procedente, pois o rio é talvez o que mais carrega sedimentos no mundo inteiro. Porém, segundo eles, esse problema pode ser resolvido no desenho da barragem, para que ela permita a passagem dos sedimentos.
Existem soluções para o outro problema, o dos bagres. O que preocupa o Ibama é o prejuízo que as barragens trarão à reprodução dos peixes. A solução é construir escadas, que permitam aos peixes escalar a barragem. Em Yaciretá, na fronteira da Argentina com o Paraguai, os peixes sobem de elevador - uma caixa d¿água que os leva ao ponto mais alto.