Título: ONU ataca subsídios a etanol
Autor: Chade, Jamil
Fonte: O Estado de São Paulo, 29/04/2007, Economia, p. B11

A Agência Internacional de Energia (AIE) e os principais organismos da Organização das Nações Unidas (ONU) atacam os subsídios dados nos Estados Unidos e Europa para a produção do etanol e suas tarifas de importação. A AIE alerta que o novo combustível não conseguirá ser uma alternativa sustentável se depender indefinidamente de ajuda estatal para financiar a produção agrícola usada. Já a ONU alerta que as barreiras comerciais dificultarão os investimentos nos países em desenvolvimento no setor do etanol e defende que a produção se concentre apenas em locais competitivos, ou seja, nos países em desenvolvimento.

Na sexta-feira, em Genebra, presidentes de petrolíferas, organizações internacionais e ministros de Energia se reuniram para debater o futuro do mercado de combustíveis. O etanol esteve presente em todas as intervenções.

¿Os países em desenvolvimento têm uma clara competitividade em produzir biocombustíveis. Portanto, seria mais eficiente se fossem produzidos nesses países e comercializados em um mercado aberto e sem distorções¿, defendeu a ONU em comunicado.

As Nações Unidas lembram que, por contarem com subsídios a sua produção, altas tarifas de importação e barreiras não-tarifárias, os países ricos impedem que o mercado do etanol se expanda. O resultado é que investidores hesitariam em ampliar seus projetos em países em desenvolvimento sem saber se conseguirão exportar o etanol aos principais mercados do mundo.

Em termos ambientais, a ONU também alerta que esse protecionismo tem efeitos negativos, já que impede que projetos relacionados ao etanol sejam desenvolvidos em maior escala. O tema das tarifas de importação é um dos assuntos que Brasil e Estados Unidos ainda não resolveram em sua aliança em torno do etanol. ¿Não está na pauta qualquer corte de tarifa agora¿, afirmou ao Estado, Gregory Manuel, responsável no Departamento de Estado americano por questões de energia.

A ONU alerta que a criação de um mercado mundial do combustível teria um impacto importante nos países pobres, mas considera que os planos de investimentos não parecem seguir em caminho mais lógico.