Título: 'Não há prazo para acordo com a Bolívia'
Autor: Lopes, Beth
Fonte: O Estado de São Paulo, 28/04/2007, Economia, p. B17

O presidente da Petrobrás, José Sérgio Gabrielli, afirmou ontem que não há limitação de prazo legal para o fechamento das negociações em andamento com o governo da Bolívia, referentes ao processo de nacionalização das duas refinarias da estatal naquele país - Gualberto Villarroel (de Santa Cruz) e Guillermo Elder Bell (de Cochabamba).

Em rápida entrevista coletiva após assinatura de contrato de arrendamento da Usina de Piratininga, no Palácio dos Bandeirantes, Gabrielli destacou que as conversas em torno do assunto continuam e não há, ainda, conclusões sobre valores.

'Não temos prazo nenhum para concluir as negociações. As reuniões se intensificaram nos últimos dias e se voltam, neste momento, para a questão da refinaria. Tivemos avanços nas negociações em vários aspectos e a expectativa é de que tenhamos uma solução negociada.' Apesar das informações de que as negociações sobre o controle das refinarias voltaram a ficar tensas, o presidente da Petrobrás ainda aposta num acordo favorável.

'Um acordo favorável é preço adequado para os nossos ativos.' Ao ser indagado sobre o preço adequado para essa negociação com o governo boliviano, retrucou: 'Isso eu não vou dizer, evidentemente'. Segundo ele, a constituição boliviana diz que a nacionalização é possível com indenização prévia e justa. 'Estamos de acordo com a constituição boliviana', emendou.

Questionado sobre as informações de que o governo da Bolívia poderia usar novamente o dia 1º de maio para anunciar um decreto de expropriação das duas unidades da Petrobrás, Gabrielli argumentou que 'é muito difícil responder sobre hipóteses', voltando a dizer que não há prazo legal nenhum para concluir as negociações, incluindo o dia 1º de maio.

Gabrielli, descartou que a importação de gás natural liquefeito (GNL) tenha como objetivo principal a redução da dependência do gás da Bolívia. Ontem o diretor de gás da estatal, Ildo Sauer, assinou em Barcelona um contrato de intenções com a empresa Nigerina LNG.

'Este acordo com a Nigéria tem como objetivo essencial viabilizar o fornecimento de GNL para nossas unidades', afirmou Gabrielli. O gás será utilizado principalmente para abastecer as térmicas quando houver necessidade. Segundo ele, demanda brasileira tende a crescer dos atuais 42 milhões de metros cúbicos/dia para 121 milhões de metros cúbicos/dia em 2011.

'Para isso, estamos preparando um aumento da produção brasileira, que vai chegar em 2011 a 71 milhões de metros cúbicos/dia, manteremos os 30 milhões da Bolívia e precisamos de 20 milhões de metros cúbicos de GNL. Por isso, estamos construindo dois terminais, já contratarmos o afretamento de dois navios e estamos nos preparando para montar um sistema flexível de oferta de gás para o Brasil.'