Título: Comissão estréia com bate-boca
Autor: Domingos, João e Lopes, Eugênia
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/05/2007, Nacional, p. A4

A primeira sessão da CPI do Apagão Aéreo mostrou um clima acirrado entre governo e oposição. Antes do início da eleição do presidente da comissão, começaram os bate-bocas e gritos entre os parlamentares.

Assim que o líder do PPS, Fernando Coruja (SC), lembrou que o cargo de segundo vice-presidente caberia à oposição, o deputado Eduardo Valverde (PT-RO) retrucou, aos gritos, que ninguém levaria o que não tinha direito. Era um engano. Pelo regimento, a oposição tem direito ao segundo vice, que será eleito na semana que vem.

¿Está na cara que o governo escolheu a turma que vota sim e os que tentam vencer tudo no grito¿, disse Coruja, ao deixar o plenário da CPI. Ele nem integra a comissão, mas como outros colegas foi à sessão inaugural prestigiar o início dos trabalhos e dar um estímulo às oposições. Também estavam lá os líderes do PSDB, Antonio Carlos Pannunzio (SP), do DEM, Onyx Lorenzoni (RS), e da minoria, Julio Redecker (RS).

O governo também postou seus líderes na sala da CPI, um acanhado auditório no corredor das comissões, onde as pessoas se espremiam como podiam. Da base, compareceram os líderes do PMDB, Henrique Eduardo Alves (RN), do PT, Luiz Sérgio (RJ), do PR, Luciano Castro (RR), do PV, Marcelo Ortiz (SP), e do PSB, Márcio França (SP). Também estava lá o presidente do PMDB, Michel Temer (SP).

O maior embate entre governo e oposição aconteceu quando falava o líder da minoria, Júlio Redecker, que nem é dos mais exaltados. Referindo-se ao voto de um ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) na decisão da Corte por 11 votos a 0 pela instalação da CPI, Redecker disse que os governistas tentaram fraudar a Constituição ao impedir o início das investigações.

Imediatamente o deputado Silvio Costa (PMN-SE) reagiu. Sugeriu que o presidente da CPI retirasse da ata as palavras de Redecker.

O líder da minoria, de costas para o parlamentar governista, afirmou que só estava lendo o voto de um ministro. Aos gritos, Silvio Costa contra-atacou: ¿Retira porque ele é mal-educado e já está começando a criar encrenca¿.