Título: 'Isto aqui não é uma Casa de tortura, temos de ter regras'
Autor: Domingos, João e Lopes, Eugênia
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/05/2007, Nacional, p. A5

No segundo mandato na Câmara, o petista e ex-sindicalista Marco Maia (RS) foi escolhido para relatar a CPI do Apagão Aéreo por sua fidelidade ao governo. Seu nome passou pelo crivo do Planalto, que quis designar um deputado desconhecido e pouco afeito aos holofotes. ¿Fui escolhido por critérios técnicos e políticos e por minha capacidade¿, diz. Ele rejeita a idéia de que a CPI possa ser chapa-branca.

A CPI do Apagão Aéreo vai ser uma comissão chapa-branca?

Temos de acreditar que os deputados vêm com interesse de debater, de investigar, de construir o que é melhor para o Brasil. Acho que é subestimar a capacidade dos deputados afirmar que esta será uma CPI chapa-branca ou que já tem resultado.

Contratos supostamente superfaturados da Infraero vão ser investigados pela CPI?

Queremos produzir um trabalho sério, capaz de aprofundar investigações com foco determinado. Queremos contribuir para a solução da crise do setor aéreo. Se os temas levantados em relação à Infraero tiverem conexão com a crise, a Infraero será investigada à exaustão.

A CPI vai convocar dirigentes da Infraero para depor?

Uma das medidas é convocar todos ou alguns ex-presidentes da Infraero para falar sobre o papel da empresa. Se acharmos necessário, vamos chamar ex-dirigentes do governo passado. Temos um conjunto de pessoas, de dirigentes de empresas públicas e não públicas, que podem ser chamadas.

O sr. é contra a desmilitarização do controle aéreo?

Não tenho ainda posição fechada. Quero conhecer melhor a experiência brasileira, que me parece mista (civil e militar), e as internacionais. Queremos que a CPI se aproprie de todas as informações para poder construir uma concepção melhor sobre o sistema do País.

O sr. vai estabelecer regras para o funcionamento da CPI?

Isto aqui não é uma Casa de tortura, como se transformaram as CPIs no Congresso. Não podem quatro, cinco deputados falar ao mesmo tempo. Temos de ter regras que possam contribuir para um processo de investigação sadio. E a primeira medida é esmiuçar o que foi o acidente da Gol.