Título: PF prende 19 por fraude em licença ambiental
Autor: Wilke, Rejane
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/05/2007, Nacional, p. A10
No começo da manhã de ontem, a Polícia Federal de Santa Catarina tirou da cama alguns empresários, três secretários municipais, funcionários públicos e dois vereadores de Florianópolis. Era o início da Operação Moeda Verde - a primeira vez na cidade em que autoridades e funcionários graduados foram detidos por suspeita de corrupção envolvendo questões ambientais.
Com 22 mandados de prisão temporária e 30 mandados de busca e apreensão de objetos e documentos, 36 equipes da PF formadas por 170 agentes detiveram 17 acusados por crimes contra a ordem tributária, formação de quadrilha, falsificação de documentos, uso de documentos falsos, corrupção e tráfico de influência. Os mandados foram assinados pelo juiz federal Zenildo Bodnar. Houve ainda duas prisões feitas em Porto Alegre.
O magistrado esclareceu que não há juízo de valor nem presunção de culpa nos mandados. Com o desenrolar da operação, novos nomes poderão ser acrescentados à lista de suspeitos e novos mandados podem ser expedidos.
De acordo com a delegada Júlia Vergara, que coordenou a operação, a investigação partiu de denúncias de fraudes num empreendimento em Jurerê Internacional, que estaria localizado em Área de Preservação Permanente (APP). Dois outros grandes empreendimentos que estão sendo investigados são o futuro campo de golfe no Costão do Santinho, que estaria sobre o principal lençol freático do norte da ilha, e o recém-inaugurado Shopping Iguatemi, por estar em área de mangue. A delegada Júlia Vergara explicou que as áreas verdes da cidade serviriam de moeda para obtenção de laudos e licenças irregulares. Segundo ela, a contrapartida vinha sob várias formas. ¿Podia ser dinheiro vivo, carros e até imóveis.¿
Vários computadores foram recolhidos em órgãos públicos, como a Secretaria de Urbanismo e Serviços Públicos, o Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis, as duas Fundações de Meio Ambiente - uma municipal e outra estadual -, além de escritórios de empresas e residências. Sacolas com dinheiro vivo também foram levadas para a sede da PF.
Raimundo Barbosa, chefe da Delegacia de Repressão a Crimes Ambientais, disse que ainda não se sabe o total de dinheiro encontrado, mas assegurou que os valores são altos. ¿São empreendimentos milionários¿, observou. Para ele, o principal responsável pelo esquema de fraudes é o vereador Juarez da Silveira. ¿Há evidências de que ele é o mentor das falcatruas.¿ O vereador, que teve um mal-estar e precisou de atendimento médico ao receber voz de prisão, nega a acusação.