Título: Há intransigência da Petrobrás, diz Evo
Autor: Brito, Agnaldo
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/05/2007, Economia, p. B7

O presidente da Bolívia, Evo Morales, reclamou ontem de certa 'intransigência' da Petrobrás nas negociações sobre as refinarias Gualberto Villarroel, em Cochabamba, e Guillermo Elder Bell, em Santa Cruz. 'Apostamos no diálogo, mas isso terá limites porque há certa intransigência, que não é do presidente nem do governo nem do povo, mas de interesses seguramente externos aos da Petrobrás', disse, sem explicar a quem se referia.

As declarações foram feitas durante mais um espetáculo montado para mostrar à população boliviana que o governo está comprometido com a nacionalização do gás e petróleo - uma visita de Evo ao campo petrolífero de Rio Grande, no Departamento de Santa Cruz, para 'tomar posse' da produção. Simultaneamente, 80 técnicos inspecionaram os campos petrolíferos de San Alberto, San Antônio e Margarita, onde a Petrobrás atua.

Acompanhado por jornalistas, cinegrafistas e o presidente da estatal Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos (YPFB), Guillermo Aruquipa, Evo percorreu as instalações de Rio Grande, operadas pela Andina (Repsol) e pediu mais investimentos para as empresas estrangeiras. 'Os investimentos também são uma forma de acabar com a imigração de bolivianos para a Europa', disse, acrescentando que a nacionalização 'é irreversível'.

Os novos contratos para o setor de hidrocarbonetos na Bolívia, que entraram em vigor anteontem, deram à YPFB a propriedade e controle de toda a produção dos campos de exploração de gás e petróleo do país e transformaram as companhias estrangeiras em meras prestadoras de serviço.

Pelas suas estimativas, com a entrada em vigor dos novos contratos e dos preços do gás, as receitas do governo boliviano podem chegar a US$ 2 bilhões este ano, ante US$ 1,6 bilhão em 2006.