Título: Governo fará um PAC específico para o setor agrícola, diz ministro
Autor: Porto, Gustavo e Ferreria, Venilson
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/05/2007, Negócios, p. B18

O ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, disse ontem que o setor agrícola terá um Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) específico e admitiu que o projeto deverá prever, entre outras medidas, juro menor para os financiamentos. 'Vai sair uma espécie de PAC com questões estruturantes para a agricultura', disse Stephanes durante visita à feira agrícola Agrishow, em Ribeirão Preto (SP). 'Só não posso afirmar se nós vamos apresentá-lo em conjunto com o Plano de Safra, em junho, ou se vamos demorar um pouco mais.' O ministro se recusou a dar mais detalhes do plano.

Hoje, a maior parte dos financiamentos agrícolas é feita com juros de 8,75% ao ano. Os produtores pediram, por meio da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), uma redução para até 4,5% ao ano.

O ministro lembrou ainda que o próprio PAC já anunciado pelo governo federal prevê obras de infra-estrutura que beneficiam a agricultura. E citou as obras previstas para a ampliação do escoamento em portos, bem como as das rodovias na região Centro-Oeste. 'Para o Centro-Oeste são três grandes obras, e a região é a que apresenta agora maior limitação para o escoamento da safra.'

Apesar de o PAC agrícola prever medidas econômicas como a redução nos juros, a proposta não deve beneficiar a renegociação de dívidas já vencidas, de acordo com o ministro.

AFTOSA

Mais cedo, durante a abertura da 73ª Exposição Internacional de Gado Zebu (Expozebu), em Uberaba (MG), o ministro havia reafirmado que a defesa sanitária animal, com destaque pra o combate à febre aftosa, é a prioridade da sua pasta. Segundo ele, o assunto já foi discutido com o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, e com a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff. 'Esse assunto não poderia ser postergado.'

Stephanes salientou que o País pretende erradicar a doença não apenas do território nacional, mas também de todo o continente sul-americano, para evitar que novos focos surjam. De acordo com o ministro, as reuniões para controle da doença na fronteira brasileira já estão sendo realizadas com autoridades do Paraguai e da Bolívia.

Durante entrevista, Stephanes reiterou o que já havia dito o presidente Luiz Inácio Lula da Silva: que os recursos para a área de defesa animal não serão contingenciados. Ele acrescentou que, além dos recursos já definidos, existe ainda a previsão de mais R$ 80 milhões para serem aplicados na vigilância da fronteira seca do País.

Também na Expozebu, o presidente Lula disse que o combate à aftosa é importante para que o Brasil mantenha a participação no mercado de carne mundial. 'Quando a gente vira o maior exportador de carne, pode ficar certo que fica cheio de gente torcendo para que aconteça coisa errada no Brasil, para que o Brasil não venda sua carne', disse. 'Nós é que temos de cuidar, por isso vamos cuidar com carinho.'