Título: DEM usará TV para alavancar Kassab
Autor: Amorim, Silvia
Fonte: O Estado de São Paulo, 06/05/2007, Nacional, p. A6
Sob a ameaça de perder para o PSDB a indicação do candidato à Prefeitura de São Paulo em 2008, o DEM coloca em banho-maria a aliança com os tucanos no Estado e começa no fim deste mês um plano de marketing no rádio e na TV em rede nacional para promover o prefeito Gilberto Kassab e alavancar sua candidatura à reeleição. Kassab será a figura principal do programa do DEM na TV no dia 24 e retornará em junho nas inserções que a legenda fará durante a programação das emissoras.
A iniciativa, da direção nacional do partido, promete estremecer a aliança com os tucanos e esquentar o cenário eleitoral paulista.
O presidente nacional do DEM, deputado Rodrigo Maia (RJ), foi categórico sobre as pretensões da legenda na maior cidade do País. 'O partido vai trabalhar nessa linha e dar todo o suporte político para que o prefeito Kassab tenha condições de, no ano que vem, ser candidato à reeleição. Trabalhamos com essa hipótese apenas e temos de mostrar aos aliados e à sociedade que nós temos quadros para disputar as eleições majoritárias', afirmou.
Do outro lado, deputados do PSDB paulista já avisam nos bastidores que o partido não abrirá mão de candidatura própria. O ex-governador e candidato derrotado à Presidência Geraldo Alckmin é o nome mais forte para assumir a missão de devolver aos tucanos um dos maiores Orçamentos do País. Oficialmente, o partido não fala sobre as articulações para 2008, sob o argumento de que é uma discussão precoce. O governador paulista, José Serra (PSDB), também mantém sob sigilo suas preferências.
Em princípio, Kassab era seu candidato, mas agora, de olho na disputa pela Presidência, estaria disposto a patrocinar Alckmin em troca de seu apoio em 2010. A indefinição é comemorada pelo DEM.
CAUTELA
Um dos principais articuladores da candidatura própria do DEM em São Paulo, Rodrigo Maia é cauteloso ao falar dos aliados. 'Nós temos uma aliança muito bem montada e eu tenho certeza de que essas conversas entre PSDB e DEM vão continuar acontecendo e colaborarão com o processo de 2008 e de 2010.'
A decisão do DEM nacional em apostar todas as fichas no prefeito paulistano está longe de ser unanimidade. Centrada no fato de que Kassab foi levado à prefeitura pelas mãos do hoje governador Serra, parte da legenda em São Paulo duvida de seu poder de fogo em comparação a Alckmin. Esse grupo prefere não se indispor com o PSDB e continuar o projeto de longo prazo com os tucanos para as eleições de 2010.
Nos cálculos do partido, Kassab será um candidato com boas condições de se reeleger se chegar no ano que vem com cerca de 30% das intenções de voto nas pesquisas para o primeiro turno. 'Minha avaliação é de que o prefeito de uma cidade como Rio ou São Paulo, onde existe uma grande capacidade de investimento e de realizações, dificilmente terá menos de 30%. E, com 30% nas pesquisas, é difícil que você diga 'não vai ser candidato'. É difícil que algum aliado tenha condição de fazer isso', diz Rodrigo Maia.
PROTAGONISTA
A primeira aparição será num programa de cerca de 10 minutos que dividirá com o prefeito do Rio, Cesar Maia, e o governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda. Kassab, porém, terá prioridade nas inserções que serão feitas ao longo da programação de rádio e TV por quatro dias em meados de junho. 'Nos comerciais Kassab terá um peso maior, para que possa ficar mais conhecido e sua candidatura seja cada vez mais natural, não apenas para o DEM, mas para os partidos de oposição.'
Na tela, Kassab vai aparecer como o homem que ajudou a pôr as finanças da prefeitura em dia e está brigando para reduzir a poluição visual na cidade. O programa também enfatizará que ele se preocupa com a educação, ao propor a extinção do terceiro turno escolar para ampliar a permanência dos alunos na escola, e com a saúde, com o programa de construção de unidades de atendimento de emergência para reduzir as filas nos prontos-socorros.
Apesar de todo o plano de marketing, Rodrigo Maia admite que a palavra final sobre a candidatura à reeleição será do próprio prefeito. 'É uma decisão dele.' Kassab não fala sobre o assunto. A dúvida no partido é se pesará mais o projeto pessoal ou o acordo firmado com Serra. No mês passado, o prefeito assumiu o cargo de presidente estadual da sigla. A troca foi mais um passo rumo ao projeto Kassab 2008. 'Queremos toda a visibilidade para o Kassab', afirmou Cláudio Lembo .