Título: Ségolène fez esquerda renascer
Autor: Sant'Anna, Lourival
Fonte: O Estado de São Paulo, 06/05/2007, Internacional, p. A18
Ségolène Royal é a primeira mulher na história da França a ter chances reais de chegar à presidência. Ela tem causado sensação na arena política tradicionalmente dominada por homens e sua presença na campanha está desencadeando um debate sobre o papel das mulheres na cultura francesa.
A candidata é membro da Assembléia Nacional como presidente da região oeste de Poitou-Charente e uma figura importante no Partido Socialista. Ségolène, que tem 53 anos, nasceu no Senegal, onde seu pai, coronel do Exército, prestava serviço, e criou-se numa área rural na região leste da França com sete irmãos. Estudou Política no Instituto de Estudos Políticos em Paris e freqüentou a École Nacional d¿Administration (ENA), um celeiro da elite governante.
Ségolène teve de rebelar-se contra o pai para conquistar sua independência. Ele achava que as mulheres não precisavam de muita instrução. Quando ele se recusou a conceder o divórcio à mãe dela, Ségolène acionou-o judicialmente para obter o divórcio e por pensão alimentícia para um de seus irmãos.
Embora tenha menos experiência política do que o rival Nicolas Sarkozy, Ségolène tem fortes antecedentes na promoção da educação e serviços sociais. Mãe de quatro filhos, é também defensora fervorosa dos direitos dos homossexuais e prometeu legalizar o casamento gay se for eleita presidente.
Depois de sair da ENA, em 1980, Ségolène serviu como magistrada do tribunal administrativo. De 1982 a 1988, trabalhou na equipe do presidente François Mitterrand no cargo de chargée de mission (encarregada de programas de saúde, de meio ambiente e de juventude). Foi eleita deputada quatro vezes por Deux-Sèvres, a partir de 1988. Já exerceu vários cargos no governo - incluindo ministra do Meio Ambiente, vice-ministra da Educação, vice-ministra para a Família e Infância e vice-ministra para a Família, Infância e Pessoas Deficientes.
Embora Ségolène tenha comprovado sua habilidade no trato com a mídia no passado, deslizes recentes e a luta interna no partido prejudicaram sua reputação. Em 2006, sua família foi alvo de polêmica com a notícia do envolvimento de um dos seus irmãos no naufrágio de um navio do Greenpeace, em 1985.