Título: Meta da estatal é reduzir dependência da Bolívia
Autor: Lima, Kelly
Fonte: O Estado de São Paulo, 06/05/2007, Economia, p. B10

A maior parte das plataformas que está sendo afretada pela Petrobrás destina-se ao plano de antecipação da produção nos campos de gás, o Plangás, informou o diretor de Exploração e Produção da estatal, Guilherme Estrella. A estratégia de antecipar os campos visa a atender ao ritmo de crescimento da demanda nacional nos próximos anos e ainda diminuir a dependência da Bolívia.

De acordo com o diretor, entretanto, a estratégia de afretar as plataformas corre em paralelo à construção de unidades de maior porte e com capacidade de produção por um período mais prolongado, de até 25 anos. 'A decisão de afretar ou construir uma plataforma é tomada com base numa série de fatores, entre os quais o porte do campo, o prazo em que o campo deve entrar em operação e por quanto tempo ele ainda será produtivo', argumenta.

Estrella não vê contradição no fato de a política de afretamento de plataformas ter se intensificado na atual diretoria, apesar da campanha do presidente Lula em 2002 ter destacado exatamente o contrário: a importância da construção dessas unidades no Brasil. 'É preciso destacar que antes de nossa gestão ainda não havia obrigatoriedade de conteúdo nacional mínimo nos editais. Além disso, nessa gestão é que foi viabilizada a construção do primeiro casco de uma plataforma, a P-51, no País', destaca Estrella.

Hoje a Petrobrás tem pelo menos 65% de conteúdo nacional nas unidades contratadas aqui, ante 45% na gestão anterior. A meta, informou Estrella, é atingir 75% até 2010. As plataformas afretadas, no entanto, segundo o mercado, têm conteúdo zero de nacionalização, já que são construídas praticamente sobre uma mesma fôrma em Cingapura e Coréia.

'É fácil perceber que o aumento no número de afretamentos está diretamente relacionado ao tempo de construção e montagem da unidade. A Petrobrás precisa cumprir sua meta de produção e tem que buscar as saídas mais eficientes', avaliou o consultor Fernando Henrique Cunha, especialista na área de indústria naval.