Título: No Cindacta, queixas de falta de verbas à CPI
Autor: Lopes, Eugênia e Domingos, João
Fonte: O Estado de São Paulo, 15/05/2007, Nacional, p. A7

Os militares da Aeronáutica aproveitaram ontem a visita de deputados da CPI do Apagão Aéreo ao Cindacta 1 para reclamar da falta e do bloqueio de recursos para manutenção e funcionamento dos quatro centros de controle aéreo do País. Segundo os deputados que participaram do tour no Cindacta 1, responsável pelo monitoramento do espaço aéreo do Centro-Oeste e do Sudeste, os militares revelaram que são arrecadados cerca de R$ 800 milhões por ano em taxas embutidas nas passagens aéreas, mas parte das verbas acaba bloqueada no Orçamento da União.

¿No ano passado, os centros de controle deixaram de receber R$ 120 milhões. E a previsão é de que ocorra o mesmo este ano¿, disse o deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR). De acordo com os parlamentares, a insatisfação da Força Aérea com a retenção de recursos foi verbalizada pelo comandante de Controle do Espaço Aéreo, brigadeiro Ramon Borges Cardoso. A previsão é de que ele deponha na CPI na quinta-feira. Hoje, a comissão vai ouvir o depoimento do delegado Renato Sayão, responsável pelo inquérito da Polícia Federal sobre a queda do Boeing da Gol, em 29 de setembro, quando morreram 154 pessoas.

Nas quase quatro horas de visita de ontem, os deputados conversaram apenas com controladores que estavam na sala de descanso. O Comando da Aeronáutica alegou motivos de segurança de vôo para não permitir o acesso à sala do centro de controle - onde houve o motim de 30 de março, paralisando o tráfego aéreo do País. ¿O Comando da Aeronáutica nos recebeu muito bem, mas o que nos foi mostrado parece que o controle de tráfego aéreo no Brasil está uma maravilha, sem nenhum problema¿, reclamou Luciana Genro (PSOL-RS).

SENADO

A disputa entre as alas de senadores e de deputados do PMDB para abocanhar o maior número de cargos do segundo escalão e das estatais teve reflexo na composição da CPI do Apagão Aéreo do Senado. O PMDB do Senado decidiu nomear três titulares afinados com o Palácio do Planalto, para mostrar ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva que é mais fiel do que o da Câmara - e, por isso mesmo, merecedor de mais postos no governo.

Os escolhidos foram Gilvan Borges (AP), Leomar Quintanilha (TO) e Wellington Salgado (MG). Para completar o quadro favorável ao Planalto, os suplentes serão os líderes do governo, Romero Jucá (RR), e do PMDB, Waldir Raupp (RO). A nomeação dos 13 titulares e 13 suplentes deverá ocorrer até o fim da tarde de hoje.

Na CPI, o governo terá sete integrantes e a oposição, seis. O DEM escolheu para a CPI os senadores Antonio Carlos Magalhães (BA), Demóstenes Torres (GO) e José Agripino Maia (RN). Os suplentes serão Raimundo Colombo (SC) e Romeu Tuma (SP). Pelo PSDB, foram indicados Sérgio Guerra (PE) e Mário Couto (PA). Na suplência, o presidente do partido, Tasso Jereissati (CE), e o líder, Arthur Virgílio (AM).