Título: Venezuela amplia estatização
Autor: Costas, Ruth
Fonte: O Estado de São Paulo, 15/05/2007, Economia, p. B3
O governo venezuelano anunciou ontem que nacionalizará 18 instalações para a prospecção de petróleo que hoje estão sob controle de companhias estrangeiras. 'As empresas exigem valores milionários para permitir o uso desses equipamentos. Diante dessa situação, decidimos pela nacionalização', disse o ministro de Energia da Venezuela, Rafael Ramírez, numa entrevista ao jornal Panorama, de Maracaibo.
Ele não especificou sob que condições isso seria feito ou quais companhias podem ser afetadas, mas, entre as empresas que operam tais instalações na região de Maracaibo, está a Maersk Contractors, controlada pela holandesa Moeller-Maersk. 'O objetivo da PDVSA será dar prioridade para que empresas nacionais manejem essa tecnologia e a mão-de-obra seja 100% venezuelana', afirmou Ramírez.
Segundo o ministro, também presidente da Petróleos de Venezuela (PDVSA), num primeiro momento a estatal venezuelana absorverá os cerca de 300 técnicos encarregados da operação dessas instalações. Além disso, importará 13 equipamentos de perfuração de fornecedores chineses a partir de novembro, para, em seguida, criar com a China National Petroleum Corporation (CNPC) uma empresa mista que construirá tais perfuradoras. 'Atualmente, se encontram nesse país asiático 70 jovens que estão se capacitando para o manejo dessas instalações. Em novembro, chegará à Venezuela a primeira perfuradora fabricada na China', disse Ramírez.
Nos últimos quatro meses, o governo venezuelano anunciou a estatização de diversas empresas em setores considerados 'estratégicos' com o objetivo de - segundo o presidente Hugo Chávez - acelerar a implementação de um sistema socialista.
No setor de hidrocarbonetos, a data mais emblemática até agora foi o dia 1º deste mês, quando Chávez organizou um grande espetáculo para 'assumir o controle operacional' dos projetos da faixa petrolífera de Orinoco, uma das maiores reservas de gás e petróleo do país.
As atenções dos empresários e analistas agora estão voltadas para o dia 26 de junho, data limite para a assinatura dos acordos pelos quais as petrolíferas estrangeiras formarão empresas mistas com a PDVSA (a participação da estatal venezuelana será de 60%, no mínimo). 'As transnacionais que não quiserem cumprir a lei terão de sair do país', avisou Ramírez.