Título: Mantega: real forte não impede crescimento
Autor: Dantas, Fernando
Fonte: O Estado de São Paulo, 15/05/2007, Economia, p. B11

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse ontem que a valorização do real faz parte de uma tendência internacional de enfraquecimento do dólar, e que pode até ser considerada 'razoável', levando-se em conta a situação mundial. Para ele, a alta do real 'não está inviabilizando o crescimento econômico e não está prejudicando de forma profunda a indústria de transformação'.

Mantega disse que o real ficou em 16º lugar na lista das moedas que mais se valorizaram em relação à americana nos últimos 12 meses. Participando da abertura do 19º Fórum Nacional, evento organizado pelo ex-ministro do Planejamento João Paulo dos Reis Velloso, no Rio de Janeiro, para discutir o crescimento da economia do País, ele lembrou que o PIB nacional cresceu na média de 4,1% nos últimos três anos e deve chegar a 4,5% ou mais em 2007.

O ministro afirmou que há 'uma tendência de desvalorização do dólar, que se tornou mais intensa em outros países'. As 15 moedas que se valorizaram mais em relação ao dólar são da Eslováquia, Islândia, Hungria, Tailândia, Inglaterra, Polônia, Austrália, República Checa, Colômbia, União Européia, Índia, Filipinas, Malásia, Cingapura e Peru. Em seguida aparecem Brasil e China.

Mantega notou que o real está estável ante o euro nos últimos 12 meses e, em relação a uma cesta de moedas,está no nível real de 1999, após a crise da desvalorização. Segundo ele, a desvalorização do dólar deriva do fato de que a economia americana está crescendo menos que o desejável. 'Há muito capital no mundo, muitos recursos disponíveis, e eles estão em busca de países sólidos que apresentam um pouco mais de rentabilidade, estão indo para vários países emergentes, não só para o Brasil.'

E acrescentou que a economia brasileira tem 'condições favoráveis porque está sólida e, com as agências de rating promovendo o Brasil, isso acaba atraindo capital'. O ministro rebateu a tese de desindustrialização, dizendo que os setores de recursos naturais que estão se destacando nas exportações, como o etanol, agregam em torno de si cadeias produtivas como as da indústria química e de bens de capital.