Título: 'Sou a favor desse reajuste'
Autor: Oliveira, Clarissa
Fonte: O Estado de São Paulo, 11/05/2007, Nacional, p. A4

Apoiado na idéia de que os parlamentares têm direito à reposição das perdas inflacionárias referentes aos últimos quatro anos, o deputado Paulo Teixeira (PT-SP) considerou correto o reajuste de 28,5% aprovado pela Câmara, mas negou que a medida precise ser seguida nos Legislativos de Estados e municípios. Segundo ele, cabe a cada Estado avaliar as circunstâncias, sem se ¿escudar na decisão da Câmara¿ para conceder aumentos automáticos.

Como o sr. avaliou o reajuste?

Sou a favor desse reajuste pela inflação, que foi objeto da campanha dos três candidatos à presidência da Casa. É a recuperação de um referencial anterior.

Opositores do aumento afirmam que, independentemente do porcentual, há o desgaste da Câmara.

Se você verificar os salários do setor público, há uma defasagem nos salários dos deputados em relação a outras carreiras. Não se pode fazer no Legislativo um local de privilégios, mas o que foi dito a todos nós é que houve uma economia com a extinção de cargos. Portanto esse aumento não representaria um avanço do gasto público. Mas acho que o prestígio da Câmara depende da capacidade dela de dar resposta à sociedade.

E isso está melhorando?

Está, mas tem de melhorar mais. Ainda não é suficiente.

O sr. acha que a Casa aproveitou para votar a matéria justamente no momento em que o papa chegou ao Brasil?

O cronograma era votar salários logo após a votação das principais medidas do PAC. Me parece que foi mantida uma harmonia com esse prazo. O que achei é que talvez devêssemos ter feito também o debate sobre o período de trabalho dos deputados. Aquela história de recuar dos trabalhos às segundas-feiras, que na minha opinião foi uma medida inadequada.

Como os Legislativos estaduais e municipais devem tratar o aumento? Isso deve ser replicado?

Elas não precisam replicar. Cada Assembléia deve debater a remuneração de sua própria casa, conforme a economia que faz. Ninguém deve se escudar na decisão da Câmara para aumentar automaticamente, até porque não é automático.