Título: Rio quer discutir como governo vai impor racionamento de gás
Autor: Tereza, Irany
Fonte: O Estado de São Paulo, 11/05/2007, Economia, p. B3

O secretário de desenvolvimento do Rio de Janeiro, Júlio Bueno, disse ontem que a aplicação do plano de racionamento de gás preparado pelo governo terá de ser negociado com os Estados. 'É claro que há necessidade de um plano de contingenciamento, mas isso tem de ser discutido com cada um dos Estados para que sejam levadas em consideração as particularidades de cada unidade da Federação', disse o secretário do Rio.

Conforme informou o Estado, o governo federal negociou com distribuidores e consumidores um Plano de Contingência para gerenciar eventuais problemas para o fornecimento nacional do combustível. O plano, que cria um comitê de crise - semelhante ao instituído pelo presidente Fernando Henrique na crise de abastecimento de energia em 2001 -, será aplicado se houver problemas no fornecimento do gás boliviano ou do gás nacional. O plano busca criar condições de garantir o fornecimento de gás para as térmicas, usinas que substituirão a geração hídrica caso haja problemas de chuva.

O plano de contingenciamento que o Ministério de Minas e Energia quer agora controlar, já vinha sendo discutido por um grupo de trabalho desde a primeira crise do setor, originada com o decreto de nacionalização do gás boliviano, em 1º de maio de 2006. Na época, o governo federal defendeu que seriam priorizados os consumidores residenciais e que as indústrias teriam de adotar o sistema de biocombustíveis, utilizando outras fontes em substituição ao gás, para priorizar o uso do energético em térmicas.

Para Bueno, os conflitos começam aí. 'É claro que não vamos incentivar a instalação de novos postos de GNV, mas temos de dar conta dos consumidores que já existem. Uma das formas de desestimular o consumo de gás veicular é alterando a tributação, privilegiando outros combustíveis', disse. No Rio, lembrou, existe a Rio Polímeros, que gera elevada receita, utiliza o gás, e teria prioridade num eventual racionamento.

No Espírito Santo, segundo o secretário Guilherme Dias, a prioridade também seria das indústrias, responsáveis por mais de 90% do consumo local de gás. Já o secretário de São Paulo, Alberto Goldman, acredita que o ideal seria que o MME ouvisse os Estados antes de tomar qualquer posição. Entre especialistas do setor, há o temor de que o ministério intensifique a utilização da Petrobrás como forma indireta de contingenciar o gás natural no caso de racionamento.