Título: Braskem ainda tem interesse na Bolívia
Autor: Tereza, Irany
Fonte: O Estado de São Paulo, 11/05/2007, Economia, p. B3

A Braskem, maior companhia petroquímica da América Latina, confirmou ontem o interesse em investir US$ 1,5 bilhão na construção do primeiro complexo gasoquímico na Bolívia. A informação foi publicada na página do Ministério de Hidrocarbonetos boliviano e confirmada pela assessoria de comunicação da empresa no Brasil.

O vice-presidente de desenvolvimento de projetos internacionais da companhia, Roberto Ramos, esteve ontem com representantes do ministério boliviano em La Paz para apresentar o projeto de construção.

O executivo condicionou o investimento à garantia do fornecimento de ao menos 35 milhões de metros cúbicos de gás por dia. Com esse volume, a companhia poderia construir três centrais petroquímicas para a extração do eteno e do propeno. Ambas as matérias-primas formam a base da cadeia do plástico.

A empresa no Brasil disse, no entanto, que não há 'novidades em relação ao empreendimento', além da ratificação do interesse em construí-lo.

A Bolívia é a segunda principal frente para internacionalização da Braskem. No mês passado, a companhia, controlada pelo Grupo Odebrecht, fechou acordo para a construção de um complexo gasoquímico na Venezuela em parceria com a Pequiven - braço petroquímico da estatal PDVSA. O empreendimento prevê a construção de uma central de matérias-primas petroquímicas com capacidade para a produção de 1,3 milhão de toneladas de eteno. O investimento conjunto com a companhia venezuelana é de US$ 2,8 bilhões.

APOIO

A conversa de ontem com autoridades bolivianas ainda é conseqüência da viagem do presidente Evo Morales a Brasília, em fevereiro. Na ocasião, o mandatário boliviano negociou com o presidente Lula e a Petrobrás o reajuste do preço do gás importado pelo Brasil. A estatal brasileira aceitou, na ocasião, a criação de um aditivo ao contrato de importação. Nele, a Petrobrás aceita pagar um valor adicional pelas frações mais nobres do gás natural da Bolívia, usadas na cadeia petroquímica. A Braskem será a principal beneficiada para o acesso às frações nobres do gás boliviano, hoje não utilizadas como matéria-prima petroquímica.

No encontro de fevereiro, a direção da Braskem apresentou ao presidente Evo Morales, no Palácio do Planalto, um projeto para o aproveitamento do gás natural no desenvolvimento da indústria petroquímica boliviana. Depois da nacionalização do setor, a industrialização do gás é o próximo passo do projeto do governo Evo.