Título: Aécio admite parceria com PT em 2010
Autor: Samarco, Christiane
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/05/2007, Nacional, p. A9

O governador de Minas, Aécio Neves (PSDB), ¿não descarta¿ a possibilidade de uma parceria entre o PSDB e o PT na sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. ¿O futuro a Deus pertence. Eu não fecho as portas para isso¿, disse Aécio, em entrevista exclusiva ao Estado (leia abaixo). Ao defender a tese de que o importante é construir um projeto para o País e comentar o afastamento entre seu partido e o PT, o governador avaliou que ¿nada é irreversível na política¿.

Embora não tenha sequer insinuado a pretensão pessoal de trabalhar uma candidatura ao Planalto com o apoio de Lula, Aécio dedicou as últimas 48 horas a um movimento político amplo, que embute um recado direto ao PSDB. Caso seu partido prefira lançar o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), na corrida presidencial de 2010, não lhe faltará espaço em outra legenda para entrar na disputa.

Foi esse o produto concreto do jantar político que ele teve na noite de terça-feira em Brasília com o presidente nacional do PMDB, deputado Michel Temer (SP), e o líder do partido na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN). ¿Nós não discutirmos nomes ainda, nem tampouco o governador se insinuou como candidato, mas Aécio é um bom nome e o diálogo está aberto para uma negociação futura¿, resumiu ontem o líder peemedebista.

O jantar não foi o primeiro gesto de aproximação entre o governador e o PMDB. A cúpula peemedebista do Senado, tendo à frente o presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), também fez movimento semelhante, para abrir as portas do partido ao tucano. Em conversas de bastidor, dirigentes do PMDB não escondem o sonho de filiar o governador mineiro para fazer dele o candidato a presidente da coalizão governista em 2010, com o apoio do próprio Lula.

O presidente e o líder do PMDB negam que tenha havido convite a Aécio para ingressar no partido, mas confessam que fizeram a corte. A parceria vai começar pelo governo de Minas. O tucano revelou disposição de recompor a aliança estadual com o PMDB, levando-o de volta ao governo do Estado depois do divórcio eleitoral em que a regional mineira, assim como a nacional, preferiu apoiar o PT.

Henrique Eduardo Alves contou que os três fizeram uma análise do quadro político atual e das possibilidades de coligação em 2008, em um diálogo franco e sem restrições de temas. ¿Foram três horas de bate-papo descontraído sobre tudo, que mostrou muitos pontos de convergência¿, contou o peemedebista.

Segundo Aécio, no entanto, o principal objetivo do encontro foi convencer o PMDB a entrar no que o chama de ¿agenda da Federação¿. Ele quer o apoio das bancadas do PMDB no Congresso para negociar, com a União, a partilha dos recursos da CPMF. A vigência da cobrança da contribuição vence em dezembro e o governo quer prorrogá-la por mais quatro anos. A idéia é que os Estados fiquem com 20% do total arrecadado - a previsão para este ano é de R$ 38 bilhões - e que outros 10% sejam destinados aos municípios.