Título: Sarkozy rejeita crítica por férias em iate de bilionário
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Fonte: O Estado de São Paulo, 10/05/2007, Internacional, p. A17
O presidente eleito da França, Nicolas Sarkozy, rejeitou ontem as críticas da oposição por causa do passeio que fez em um iate de luxo do bilionário Vincent Bollore, que deixou a França para não pagar impostos. Sarkozy, que assume o cargo no dia 16, defendeu seu direito de tirar uns dias de folga após a longa campanha eleitoral e acrescentou que o passeio não saiu do bolso dos contribuintes. 'Não tenho nada a esconder. Não tenho intenção de mentir e não tenho intenção de pedir desculpas', declarou a repórteres na Ilha de Malta. 'Não vejo nenhuma controvérsia', disse, acrescentando que terá uma semana cheia antes de assumir o cargo. Sarkozy se reúne amanhã em Paris com o primeiro-ministro britânico, Tony Blair.
Após três noites de violentos confrontos entre a polícia e jovens manifestantes em várias cidades francesas, centenas de estudantes universitários de Paris ocuparam na madrugada de ontem um anexo da Universidade Panthéon-Sorbonne para protestar contra os planos de Sarkozy de reformar o sistema de educação superior da França. O ministro de Educação Superior, François Goulard, pediu ao reitor que assegurasse a continuidade das aulas e o acesso pleno aos prédios do Câmpus.
Outras assembléias de estudantes foram convocadas para hoje na universidade de Paris X-Nanterre e na de Toulouse, Il-Le Mirail. Sarkozy prometeu fazer da reforma educacional uma prioridade e quer apresentar uma lei por volta de setembro para dar às universidades uma maior autonomia. Sarkozy disse que as universidades devem se concentrar mais nos cursos profissionalizantes, buscar financiamentos externos e ter mais poder para expulsar os estudantes com baixo rendimento.
Os violentos protestos contra a vitória de Sarkozy, apesar de isolados, lembraram os distúrbios de 2005 nos subúrbios de Paris após a morte de dois adolescentes de origem árabe quando fugiam da polícia. O ministro do Interior, François Baroin, atribuiu os distúrbios que começaram no domingo a ativistas de extrema esquerda e disse que tinham clara motivação política.
Entre a noite de terça-feira e a madrugada de ontem, mais de 200 automóveis foram queimados e pelo menos 80 pessoas foram presas. Quase 1.400 veículos foram queimados desde as eleições de domingo. 'Essa situação não é aceitável', disse Baroin. 'A polícia fará com que se respeite o Estado de Direito', acrescentou o ministro.