Título: Sete grupos na briga pela Telemig
Autor: Brandão Junior, Nilson
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/05/2007, Negócios, p. B18
A Telemig Celular, que está em processo de venda, já recebeu nove propostas e deverá ser o primeiro negócio efetivado no redesenho em curso do setor de telefonia celular no País. As informações são de fontes que acompanham o processo. Segundo elas, um grupo de sete empresas já estaria numa segunda fase de avaliação do negócio. Para especialistas, a disputa mais forte deverá ficar entre os mexicanos da América Móvil, dona da Claro, e os espanhóis da Telefónica, sócios da Portugal Telecom na Vivo.
As mesmas fontes indicam que o negócio atraiu tanto operadoras de telefonia quanto investidores isolados, que teriam se organizado por meio de fundos de private equity ou estariam atuando isoladamente. A Telemig Celular, marcada no passado recente por um processo de divergências entre os acionistas da controladora Telpart (Opportunity, Citigroup e fundos de pensão), é considerada pelos analistas como uma espécie de jóia da coroa, por seus bons resultados operacionais. A venda deverá ser feita em conjunto com a Amazônia Celular, que tem o mesmo controlador.
'A Telemig é a principal operadora do Estado de Minas Gerais e sempre foi uma empresa muito respeitada', diz o diretor-executivo da consultoria Teleco, Eduardo Tude. ' O que aconteceu é que, com o processo de venda, a empresa foi perdendo terreno para concorrentes.' Líder no Estado, com 32% no fim do ano passado, a empresa tem 3,496 milhões de clientes e detém 3,42%% de participação no mercado brasileiro. Em 2006, a receita líquida de serviços somou R$ 1,193 bilhão e o lucro foi de R$ 113,4 milhões. Nos últimos anos, a empresa vem sofrendo forte concorrência e sua base de clientes entrou na rota de interesse das rivais TIM, Oi e Claro - apenas a Vivo não opera na área.
A venda da empresa começou a se delinear quando os fundos de pensão e o Citigroup fizeram acordo para afastar o Opportunity da gestão da Telemig, reduzindo assim a área de atrito gerada pelas divergências internas na Telpart, que detém 53,58% do capital com direito a voto da operadora. A partir de então, os novos gestores fizeram a opção pela venda.
Neste momento, começa uma espécie de segunda rodada, com aumento de troca de informações e a continuidade das negociações com os interessados. O negócio, dizem as fontes, deve sair no máximo dentro de quatro meses. Para analistas que acompanham o setor, o grupo da América Móvil tentará levar a empresa, principalmente depois de a Telefónica ter entrado no capital da Telecom Italia (TI) junto com outros sócios. A TI detém participação na Brasil Telecom e é a controladora da TIM - que na semana passada informou que continuará operando de forma independente no País.
RESPOSTA
A entrada da América Móvil na Telemig representaria uma resposta ao avanço espanhol. A Vivo, por sua vez, está fora do mercado mineiro e teria interesse em cobrir este espaço. 'A briga é entre eles', diz o analista de telecomunicações do Santander, Rogério Tostes. 'Os mexicanos poderiam preparar um contra-ataque no Brasil, que poderia incluir a compra da Telemig.' Tostes lembra que a Telemig é o único processo de venda mais avançado no momento, ainda que existam outras empresas com as quais os mexicanos poderiam negociar no País.
Tostes avalia que, eventualmente, a própria Oi seria uma interessada em potencial na Telemig, correndo por fora. 'Acho que interessados para esse negócio realmente não faltam', diz. 'A empresa oferece boas condições.' Ele explica que, no primeiro trimestre, a margem medida pelo Ebitda (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) foi de 38% no primeiro trimestre, bem acima das margens das concorrentes, que não chegaram a 30% no período.
NÚMEROS
3,946 milhões é o número de clientes da Telemig Celular
32% é a fatia da empresa no mercado de Minas Gerais, onde é líder
3,42% é a participação da empresa no mercado de telefonia celular brasileiro
R$ 1,193 bilhão foi a receita líquida de serviços da Telemig Celular no ano passado
R$ 113,4 milhões foi o lucro líquido registrado pela empresa em 2006
38% foi a margem da empresa medida pelo Ebitda, bem acima das margens registradas pelas concorrentes.