Título: Em 3 anos, giro de R$ 170 milhões
Autor: Mendes, Vannildo
Fonte: O Estado de São Paulo, 19/05/2007, Nacional, p. A4

Entre janeiro de 2003 e abril de 2006, acusados de envolvimento no esquema identificado pela Operação Navalha movimentaram R$ 170 milhões. De acordo com investigação da Polícia Federal, a quadrilha desviava recursos públicos destinados a obras de infra-estrutura.

O dado consta de relatórios do Conselho de Controle das Atividades Financeiras (Coaf) remetidos ao Ministério Público e à Polícia Federal. As movimentações, identificadas como suspeitas, estão associadas a 45 empresas e pessoas ligadas direta ou indiretamente às fraudes, cujos nomes são mantidos sob sigilo.

O empresário Zuleido Soares Veras, dono da Construtora Gautama e apontado nas investigações da PF como o ¿chefe¿ da organização, figura há anos como executor de obras feitas com recursos do governo federal. Conforme os registros do Siafi (Sistema Integrado de Administração Financeira), a partir de 2006, a Gautama aparece como a escolhida em processos licitatórios para execução de obras de pavimentação de estradas em vários Estados, ações autorizadas pelo Ministério dos Transportes.

Em 2004, a empresa foi contratada para executar uma obra de ampliação e reforma em dependências da própria Polícia Federal, no valor de R$ 14 milhões. Nesse último caso, entretanto, não foram apontadas irregularidades.

Segundo a PF, além de planejar expandir seus contratos a obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) - principal ação da gestão Lula neste segundo mandato -, a Gautama também trabalhou e obteve contratos do programa Luz para Todos do Piauí, que consiste no repasse de recursos federais a Estados e municípios destinados à eletrificação em áreas rurais. A PF prendeu o presidente da Companhia Energética do Piauí, Jorge Juni, que é suspeito de ter fraudado licitações em favor da empreiteira. A Controladoria-Geral da União (CGU) auxiliou as apurações, identificando obras e servidores públicos suspeitos.