Título: Um terço das indústrias vai investir mais
Autor: De Chiara, Márcia
Fonte: O Estado de São Paulo, 19/05/2007, Economia, p. B1

Há uma forte intenção de investimento da indústria de transformação para este e para o próximo semestre. De acordo com a Sondagem Conjuntural da Indústria de Transformação da Fundação Getúlio Vargas (FGV), 34% das 1.075 companhias consultadas no mês passado declararam que estão investindo mais neste semestre em relação ao segundo semestre de 2006. Também 34% delas pretendem ampliar os investimentos no segundo semestre deste ano, na comparação com o atual.

O destaque na ampliação dos investimentos para os próximos seis meses é para os bens intermediários (38%) e para os bens de capital (37%). Aloísio Campelo, coordenador da pesquisa, observa que são exatamente esses dois setores da indústria que ampliaram o uso da capacidade instalada nos últimos 12 meses e os investimentos serão usados para evitar gargalos na produção.

Em abril do ano passado, a indústria de bens intermediários usava 86,5% da sua capacidade total, índice que, neste ano, subiu para 88,5%. Nos bens de capital, o índice, que era de 81,7% em 2006, atingiu 85% neste ano, nas mesmas bases de comparação, segundo a FGV.

O fato de a maior disposição para investir se concentrar nos bens de capital e intermediários é um indicador antecedente muito positivo, diz Campelo. Esse movimento sinaliza um ciclo de crescimento mais duradouro. Ao contrário do último ciclo de crescimento, em 2004, hoje não há uniformidade entre os segmentos. Existe o enfraquecimento daqueles ligados à exportação e o fortalecimento dos segmentos cujas vendas estão concentradas no mercado doméstico.

A pesquisa mostra também que 47% das empresas investem para aumentar a capacidade, a terceira maior marca da série desde 1998. Só 6% delas não têm programas de investimentos.

IMPOSTOS

Quase a metade da indústria de transformação considera hoje a elevada carga tributária como o principal obstáculo ao investimento, enquanto o juro, apontado durante um longo período como vilão, perdeu relevância.

Para 49% das empresas consultadas, a elevada carga tributária é o principal fator limitante ao investimento. Em 2006, lembra Campelo, esse obstáculo havia sido apontado por 45% das empresas e a tendência era de queda ante 2005 (46%). Em quatro anos, de 2004 a 2007, é o maior resultado da série. No período, o acréscimo foi de 10 pontos porcentuais.

¿O resultado mostra que as indústrias poderiam investir muito mais¿, diz Campelo. Já os juros foram apontados por 18% das empresas como um fator restritivo. Esse índice está 2 pontos abaixo do de 2006 e é menor da série histórica desde 1998.