Título: 'Morte é inevitável só para quem quer'
Autor: Ramon, Jander
Fonte: O Estado de São Paulo, 19/05/2007, Economia, p. B7

O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Miguel Jorge, recuou ontem de sua declaração de quinta-feira, quando disse que as ¿empresas obsoletas morreriam¿ no processo de valorização do real. Após reunião com dirigentes da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), ele procurou enfatizar que o governo está empenhado em ajudar as empresas a se manterem competitivas.

¿A morte é inevitável só para quem quer morrer¿, disse Jorge, acrescentando que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) pode facilitar o acesso a financiamentos para modernização das empresas. Além disso, disse ele, o governo deve fazer ajustes tributários também para assegurar essa competitividade.

O ministro esclareceu que, na declaração de quinta-feira, não tratou de deficiências competitivas ¿setoriais¿, mas das empresas ¿velhas¿ e sem sistemas produtivos adequados.

Segundo ele, o setor industrial mais sensível ao câmbio terá de passar por ajustes, a exemplo do que ocorreu com os bancos no início do Plano Real, com a diferença de que, na época, o governo lançou o Proer e agora deverá fazer um rearranjo tributário, entre outras medidas. ¿Sairemos com empresas muito melhores após essa travessia¿, observou Miguel Jorge.

Sobre as medidas que poderão ser adotadas, ele se esquivou de responder alegando estarem em análise. Mas, diante da insistência das perguntas, estimou um prazo de dois a três meses para que sejam anunciadas.

AJUSTES

Jorge informou que o governo também promoverá ajustes para combater fraudes de elisão fiscal e importações, garantindo condições igualitárias de disputa de mercado entre produtos nacionais e estrangeiros.

O ministro rejeitou proposta do ex-ministro Delfim Netto para que o governo elimine o Imposto de Importação de todos os setores para estimular ganhos de eficiência das empresas, ampliar a balança comercial e, assim, conter a valorização cambial.

¿Dificilmente falaríamos de zerar o Imposto de Importação. Poderíamos ter, nesse caso, um processo de darwinismo econômico em alguns setores, se essa medida fosse adotada¿, ponderou.

O presidente da Fiesp, Paulo Skaf, usou de ironia ao ser indagado, em coletiva de imprensa, sobre os efeitos das medidas que o governo vai anunciar para compensar a valorização do real, entre elas a desoneração tributária.

¿De que medidas vocês estão falando?¿, indagou Skaf, aos jornalistas. ¿Até agora não conhecemos nenhuma medida e não temos como avaliar quais serão os efeitos¿, acrescentou, após se reunir e almoçar com o ministro do Desenvolvimento, na sede da Fiesp.