Título: Começa a corrida pela cadeira de Wolfowitz
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Fonte: O Estado de São Paulo, 19/05/2007, Economia, p. B12
Os Estados Unidos prometem uma rápida decisão sobre o sucessor de Paul Wolfowitz na presidência do Banco Mundial (Bird). Ontem, a Casa Branca procurou demonstrar que já absorveu a renúncia do ex-número 2 do Pentágono e, segundo agências internacionais, aventou até mesmo a hipótese de que o substituto não seja um americano.
Em virtude de um acordo não escrito, desde a criação do Banco Mundial e de sua instituição-irmã, o Fundo Monetário Internacional (FMI), em meados dos anos 40, um americano é designado chefe do primeiro e um europeu, do segundo. Mas, nos últimos anos, um número crescente de analistas e de organizações não-governamentais (ONGs) vem argumentando que é necessário revisar esse acordo.
O jornal The New York Times, porém, afirmou que o substituto de Wolfowitz será necessariamente um americano. De acordo com o diário, o presidente George W. Bush incumbiu o secretário do Tesouro, Henry Paulson, a encontrar candidatos ao cargo. A escolha final, segundo o Times, será do próprio presidente Bush.
¿Queremos ter certeza de que estamos selecionando o melhor indivíduo para o cargo¿, disse o porta-voz da Casa Branca, Tony Fratto. ¿Queremos alguém que realmente tenha paixão em tirar as pessoas da pobreza. A magnitude desse esforço no Banco Mundial, e o que fazemos em termos bilaterais, é enorme¿, ressaltou.
Diversos nomes têm circulado como possíveis substitutos de Wolfowitz (ver mais ao lado). Um dos mais fortes é o do primeiro-ministro britânico, Tony Blair, que deixa o cargo no dia 27 de junho. O acordo de Wolfowitz com o conselho do Banco Mundial prevê que ele saia da função no dia 30 de junho. Blair foi o principal aliado de Bush na guerra do Iraque e, nesta semana, esteve na Casa Branca para uma visita de despedida.
Joseph Stiglitz, ex-funcionário do Banco Mundial e ganhador do Prêmio Nobel de Economia, considera que Blair ¿é uma das pessoas que claramente estão em discussão¿ para o cargo.
A lista de possíveis sucessores inclui também o ex-representante de Comércio dos Estados Unidos Robert Zoellick, o atual subsecretário do Tesouro dos EUA, Robert Kimmitt, o ex-presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) Paul Volcker e o atual representante de Comércio americano, Carlos Gutierrez.
VIAGEM À ÁFRICA?
Em uma carta dirigida ao conselho do Bird, Wolfowitz disse que utilizará os últimos dias na instituição para se despedir de funcionários. Ele afirmou que deixará as decisões executivas a cargo dos diretores do banco.
Wolfowitz revelou ainda que pretende fazer uma viagem de despedida à África, continente ao qual dedicou a maior parte da atenção durante sua estada de pouco mais de dois anos à frente do Bird. Ele ressaltou, porém, que consultará o conselho antes de empreender a viagem.