Título: China muda regra do mercado cambial
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Fonte: O Estado de São Paulo, 19/05/2007, Economia, p. B14
O Banco Popular da China anunciou ontem que ampliará a banda de flutuação do yuan ante o dólar para 0,5% acima ou abaixo da taxa central de paridade. A medida passa a valer a partir de segunda-feira. Até agora, a taxa de câmbio do país podia oscilar 0,3%.
O governo chinês divulgou também um conjunto de medidas que tem por objetivo controlar o crescimento rápido do crédito, dos investimentos e, conseqüentemente, da economia. A taxa de empréstimos em yuan de um ano, por exemplo, será elevada em 0,18 ponto porcentual, para 6,57%. A taxa de depósito de um ano será elevada em 0,27 ponto percentual, para 3,06%.
Outra medida anunciada pelo país foi a elevação do compulsório bancário - montante que os bancos devem deixar reservado no Banco Popular - em 0,50 ponto percentual, para 11,50%, a partir de 5 de junho.
Analistas observaram que os anúncios simultâneos foram estrategicamente realizados quatro dias antes do início de um encontro programado entre autoridades chinesas e americanas, em Washington.
Na terça-feira, autoridades chinesas lideradas pela vice-primeira-ministra, Wu Yi, iniciam a segunda rodada de negociações bilaterais, conhecidas como Diálogo Econômico Estratégico EUA-China, com a equipe americana liderada pelo secretário do Tesouro, Henry Paulson. Diante do calendário, estrategistas do mercado internacional avaliaram que não foi apenas uma coincidência que os anúncios tenham vindo nesta semana.
Ontem, Stephen Roach, estrategista do Morgan Stanley, que em setembro deixa as funções de pesquisa e passa a ser presidente da instituição na Ásia, alertou que o protecionismo crescente no Congresso americano precisa ser levado mais a sério. Para ele, esses riscos ainda não estão sendo descontados nos mercados financeiros globais, o que os deixa ¿altamente vulneráveis¿.
Roach foi chamado três vezes, nos últimos três meses, para testemunhar no Congresso americano sobre a política comercial EUA-China. ¿Meus piores temores foram concretizados¿, desabafou o economista, após um depoimento.
A ampliação da banda de flutuação do yuan de 0,3% para 0,5%, argumentaram outros analistas, mostraria boa vontade dos chineses. Para o estrategista de câmbio do banco UBS, Daniel Katzive, a ampliação indica a disposição das autoridades chinesas em permitir maior valorização da moeda local em antecipação ao encontro em Washington.