Título: Moscou amplia seu poderio energético
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Fonte: O Estado de São Paulo, 19/05/2007, Internacional, p. A21
Os esforços da União Européia (UE) para atenuar a dependência energética da Rússia, buscando fontes alternativas de fornecimento na Ásia Central via Cáucaso, sofreram um fragoroso revés. Nesta semana, o presidente russo Vladimir Putin firmou acordos para expandir seu controle das exportações de gás e petróleo do Casaquistão e do Turcomenistão. Com isso, a UE viu reduzir as chances de construir um oleoduto na Ásia Central apoiado por americanos e europeus.
A Rússia abastece cerca de 25% do gás da Europa e uma proporção crescente do seu petróleo. Isso é visto cada vez mais como uma fraqueza estratégica que poderia deixar o continente vulnerável a uma chantagem energética com fins políticos. Foi o que ocorreu com a Ucrânia e a Bielo-Rússia no ano passado. Atualmente, a Lituânia está sofrendo uma pressão similar depois que Moscou reduziu suas entregas de petróleo.
Um objetivo-chave da cúpula UE-Rússia era induzir Moscou a assinar a Carta de Energia, um conjunto de regras cobrindo comércio, investimento e transporte de petróleo e gás. Mas o Kremlin recusou-se.
O enfoque preferencial da Rússia é aumentar seu domínio do mercado, da produção ao ponto-de-venda, com a expansão de seus investimentos na Europa (enquanto rejeita o acesso recíproco de empresas européias). A gigante estatal de energia Gazprom possui hoje uma participação em 16 dos 27 países da UE. E enquanto a UE continua dividida sobre a questão de como responder, a Gazprom amplia sua vantagem.
A outra tática principal da Rússia é costurar acordos bilaterais que solapem a abordagem coletiva pan-européia. O sucesso mais espetacular de Moscou foi o acordo com a Alemanha sobre um oleoduto báltico sem passar pela Polônia. Mas Putin também acenou com a perspectiva de acordos individuais de fornecimento e distribuição com Eslováquia, Hungria, Bulgária e uma série de outros países-membros da UE famintos por energia.
Ministros de Relações Exteriores da UE acertaram uma contra-ofensiva esta semana para intensificar a cooperação energética com países do Mar Negro, incluindo os novos vizinhos Ucrânia, Geórgia, Moldávia, Armênia e Azerbaijão. Agindo de maneira unilateral, a Polônia está liderando esforços para construir laços, no Leste Europeu, com produtores de energia da Bacia do Cáspio.