Título: Líder do PT entra com representação contra Clodovil
Autor: Madueño, Denise
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/05/2007, Nacional, p. A7

O líder do PT na Câmara, Luiz Sérgio (RJ), protocolou ontem uma nova representação contra o deputado Clodovil Hernandes (PTC-SP). Na quarta-feira, o parlamentar causou tumulto ao agredir verbalmente a deputada Cida Diogo (PT-RJ). É o quarto pedido de processo disciplinar encaminhado à Mesa da Casa contra Clodovil.

A polêmica gerada pelo estilista começou há cerca de 15 dias, quando ele afirmou em seu programa de TV que ¿as mulheres ficaram muito ordinárias e, hoje em dia, trabalham deitadas e descansam em pé¿. Na quarta-feira, segundo a petista, Clodovil a agrediu nos seguintes termos: ¿Minha senhora, aquele comentário eu fiz para as mulheres bonitas e a senhora é feia que nem para ser prostituta serve.¿ Na quinta-feira, ele reafirmou tudo.

Na representação, Luiz Sérgio diz que Clodovil tem sido ¿extremamente preconceituoso, sexista e homofóbico, no exercício do mandato parlamentar¿ e desrespeitou a Constituição, o Código de Ética e o regimento interno. Anteontem, a própria deputada já havia entrado com uma representação contra Clodovil, com o apoio de cem parlamentares. Ela é coordenadora da Frente Parlamentar GLBT - Gays, Lésbicas, Bissexuais e Transexuais.

Para o líder petista, a Câmara precisa tomar uma atitude para impedir que o parlamentar agrida as pessoas. ¿Quando foi eleito, ele disse que nem sabia o que vinha fazer aqui. Ele continua não sabendo o que fazer, enquanto parlamentar alucinado por buscar a mídia¿, salientou.

O corregedor da Câmara, deputado Inocêncio Oliveira (PR-PE), vai preparar um parecer sobre o caso, a ser posteriormente avaliado em reunião da Mesa. De acordo com a assessoria jurídica da Câmara, a eventual punição cabível ao parlamentar é a censura verbal ou escrita.

ACUSAÇÕES

A respeito das primeiras representações contra Clodovil, a Corregedoria propôs o arquivamento, alegando que os fatos ocorreram quando o estilista e apresentador não havia sido diplomado.

O primeiro processo veio após Clodovil ter declarado, durante entrevista, que poderia considerar a hipótese de apoiar um projeto desde que recebesse um pagamento. O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) pediu que a Câmara analisasse se houve quebra de decoro, mas o processo foi arquivado.

O segundo processo disciplinar ainda não foi votado. Foi solicitado pela Federação Israelita do Rio de Janeiro, após Clodovil ter supostamente ofendido os judeus ao comentar o Holocausto.

Não é a primeira vez que uma ofensa a deputadas acaba na Corregedoria. Em novembro, a Mesa arquivou um processo contra o deputado Alberto Fraga (DEM-DF) encaminhado pela deputada Luci Choinacki (PT-SC), depois de uma discussão durante os trabalhos da CPI da Terra. ¿A senhora é fofoqueira e histérica. A senhora está precisando é casar. A senhora é mal-amada¿, disse Fraga.

A Mesa considerou que a agressão foi resultado do clima tenso da sessão e decidiu não punir o deputado.