Título: Lucro da Petrobrás cai 38%, para R$ 4,13 bi
Autor: Tereza, Irany e Ciarelli, Mônica
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/05/2007, Economia, p. B1

A Petrobrás teve lucro de R$ 4,131 bilhões no primeiro trimestre do ano, resultado 38% inferior aos R$ 6,774 bilhões do mesmo período do ano passado. O número decepcionou analistas, que previam queda, mas situavam o lucro entre R$ 4,5 bilhões e R$ 5 bilhões.

No comunicado distribuído ao mercado, assinado pelo presidente da empresa, José Sérgio Gabrielli, o trimestre é descrito como ¿um período em que tivemos e ainda estamos enfrentando alguns contratempos e adversidades¿.

Gabrielli destacou como ¿desafios¿ operacionais, comerciais e corporativos os atrasos na entrega de plataformas de produção, dificuldades para exploração dos campos de Golfinho (ES) e Albacora Leste (RJ) e os ¿esforços para superar os problemas na Bolívia e garantir o suprimento de gás natural para o Brasil¿.

O diretor financeiro da Petrobrás, Almir Barbassa, justificou o resultado aquém das expectativas alegando que os analistas não conseguiram contabilizar corretamente o impacto da valorização cambial na evolução dos custos dos produtos refinados.

O resultado da área internacional foi o pior do trimestre, saindo de lucro de R$ 236 milhões para prejuízo de R$ 259 milhões. No fim de 2006, essa área já tinha registrado saldo negativo.

A empresa atribuiu a reversão do resultado a três fatores: redução de participação nas operações na Venezuela, onde a empresa teve de firmar parceria com a PDVSA; elevação da tributação sobre as operações na Bolívia, que também promoveu nacionalização do petróleo e do gás; e valorização de 6% do real ante o dólar no processo de conversão das demonstrações contábeis.

Almir Barbassa explicou que ainda não foi totalmente contabilizado o resultado da empresa na Venezuela depois do compartilhamento de gestão com a estatal venezuelana. ¿Nossas atividades na Venezuela passaram a ser controladas pela PDVSA. Então, não temos ainda esses resultados, o que perfaz um lucro zero, comparado ao lucro de R$ 70 milhões no primeiro trimestre do ano passado¿, comentou.

Gabrielli fez questão, porém, de ressaltar boas expectativas para os resultados futuros da empresa. Ainda na nota de apresentação do balanço, ele citou a recente compra do Grupo Ipiranga como um negócio que ¿vai propiciar a valorização de nossa carteira de participações na petroquímica¿ e o crescimento da área de distribuição. Lembrou também a descoberta, no Campo de Caxaréu (ES), de óleo de excelente qualidade, que teve declaração de comercialidade em dezembro passado.

O acordo para mudança no plano de previdência privada dos funcionários também teve um impacto negativo de R$ 1,040 bilhão nas despesas da companhia. Mas, segundo Barbassa, essa perda já estava prevista nas contas do mercado financeiro.