Título: BNDES vai financiar inovação de setores mais prejudicados
Autor: Veríssimo, Renata e Oliveira, Ribamar
Fonte: O Estado de São Paulo, 18/05/2007, Economia, p. B3

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) está elaborando um pacote de medidas para compensar setores mais prejudicados pela cotação baixa do dólar. O banco vai financiar a exportação, produção e inovação desses setores e cogita até ajudar as empresas que queiram ir ao mercado de capitais para se capitalizar. As medidas estão em estágio avançado de estruturação.

O cenário foi traçado ontem pelo presidente do BNDES, Luciano Coutinho. 'Nós não somos o ponto crítico. Acho que as medidas da área tributária são mais complicadas. Estamos bastante amadurecidos, mas tenho de aguardar o conjunto de medidas', afirmou, depois de participar do 19º Fórum Nacional. Coutinho também comentou que o banco está olhando um 'menu muito abrangente' para ajudar os setores prejudicados, sem comentar, contudo, quais seriam.

O presidente do BNDES antecipou que o banco pretende 'suavizar as taxas de juros e eventualmente os spreads' para tornar os financiamentos mais baratos, além de melhorar as condições das operações de exportações no banco para esses setores. Embora o presidente do banco não tenha citado, nos últimos dias o governo indicou que as áreas de têxtil, vestuário e calçados estavam entre os mais prejudicados. Esses setores são intensivos em mão-de-obra e perdem competitividade no mercado externo com a cotação baixa da moeda americana.

OUTRA VIA

Além do crédito, o banco estuda alternativas via mercado de capitais. Uma delas é a utilização de fundos chamados de private equity ou de venture capital. De maneira simplificada, são fundos de investimentos nos quais o banco tem participação minoritária e que podem entrar no capital dessas empresas. O banco pode apoiar o processo de entrada no mercado de capitais e melhoria de governança. 'Também essa área foi mobilizada', disse o executivo.

Coutinho afirmou que continua torcendo para que os juros caiam mais rapidamente, embora tenha emendado, em seguida, que o assunto 'não é matéria do presidente do BNDES'.

No começo do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, o então presidente do BNDES Carlos Lessa se opunha à política econômica e costumava fazer duras críticas aos juros altos. Foi sucedido pelo atual ministro da Fazenda, Guido Mantega, que também defendia a redução dos juros, em tom mais moderado.

INOVAÇÃO

O atual presidente do BNDES argumenta que os juros mais baixos representarão um fator de pressão a menos sobre o câmbio, já que um nível menor reduz a atração de capital para operações de arbitragem de juros dentro do País. Essa entrada de recursos contribui para a valorização cambial.

Coutinho ainda anunciou que as taxas para linhas que financiam pesquisa, desenvolvimento e inovação serão também reduzidas. Elas cobram hoje 6% - nível que já está inferior à Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), hoje de 6,25%.

Ele afirmou que o banco vai se 'mobilizar de forma ainda mais intensa' em relação à inovação nas empresas. E defendeu que os ganhos serão a diferenciação de produtos, aumento de competitividade e vantagens comparativas nos momentos de conjuntura mais difícil.