Título: Para diretor da estatal, questão é entre governos
Autor: Monteiro, Tânia
Fonte: O Estado de São Paulo, 09/05/2007, Economia, p. B1

O diretor de Abastecimento e Refino da Petrobrás, Paulo Roberto Costa, disse ontem que as negociações com a Bolívia a respeito da propriedade das refinarias naquele país transcendem as relações comerciais entre a estatal e a petrolífera boliviana, a YPFB, e passa por uma decisão entre governos. 'Há uma relação entre governos. E o governo brasileiro e o boliviano têm muitos outros interesses que não apenas o gás natural.'O diretor não sabia que, no mesmo momento, em Brasília, o presidente Lula dizia exatamente o contrário. 'Por enquanto, é uma briga com a Petrobrás e não uma briga com o governo.'

Segundo Costa, a intenção da Petrobrás era permanecer nas duas refinarias como acionista minoritário e gestora das unidades. Mas a decisão do governo boliviano forçou a Petrobrás a tomar a decisão de deixar de atuar no refino naquele país. O diretor lembrou que não houve surpresa com a atitude boliviana. Mas salientou que a Petrobrás tinha esperança de fechar um acordo bom para ambos os lados. O diretor afirmou que a estatal suspendeu todos os investimentos na Bolívia, mas não tem como abrir mão de investir o mínimo necessário para a manutenção da produção do volume de gás natural enviado ao Brasil. Segundo ele, caso a Bolívia não aceite o valor, a Petrobrás vai levar a decisão à arbitragem internacional.