Título: Mauá quer intervir em empresa ligada à Gautama
Autor: Assunção, Moacir
Fonte: O Estado de São Paulo, 25/05/2007, Nacional, p. A9

O prefeito de Mauá, Leonel Damo (PV), promete indicar hoje um interventor para administrar a empresa Ecosama, ligada à Construtora Gautama, do empresário Zuleido Veras, preso sob acusação de irregularidades em contratos com o poder público por todo o País. ¿O contrato da empresa com a prefeitura é leonino. Só há vantagens para a Ecosama, e eu não assinaria jamais, mesmo sob pressão judicial¿, afirmou Damo.

O Ministério Público de São Paulo pediu à ministra Eliana Calmon, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), cópia de todos os documentos da Operação Navalha que façam referência ao contrato, de R$ 1,6 bilhão, firmado pela Ecosama com a prefeitura de Mauá. ¿A meta é identificar políticos e administradores da região que teriam envolvimento com a empresa¿, disse a promotora Adriana Morais.

A Ecosama, empresa de 160 funcionários, presta serviços de esgotamento sanitário em Mauá, sob concessão da prefeitura. O contrato de 30 anos foi firmado na gestão do ex-prefeito Oswaldo Dias (PT), em 10 de janeiro de 2003, e conta com a assinatura de Zuleido - pois a Gautama figura como ¿interveniente anuente¿, espécie de avalista.

A decisão de Damo, contudo, deve criar um impasse judicial. O diretor-geral da Ecosama, Dagoberto Antunes da Rocha, disse que não há base jurídica para a intervenção. ¿Não vejo como a prefeitura possa intervir e tomarei todas as medidas para evitar isso. Não fiz nada de errado e temos um contrato em vigor, em que não cabe uma medida administrativa.¿ Rocha afirmou que só se afastará da empresa por ordem da Justiça.

Damo garantiu que o interventor assumirá o posto hoje à tarde. ¿Se o Tribunal de Contas do Estado chegar à conclusão de que o contrato é lesivo à prefeitura, não teremos problemas em anulá-lo¿, disse o prefeito.

Rocha afirmou que a Ecosama está regular. ¿Somos uma empresa distinta da Gautama. A única coisa em comum é o acionista Zuleido Veras¿, afirmou. Ontem a ministra Eliana Calmon determinou a liberação de 16 contas da empresa - bloqueadas por decisão da Justiça -, mas proibiu o repasse de qualquer valor à Gautama.