Título: Paraguai não seguirá linha populista, diz ministro
Autor: Sant¿Anna, Lourival
Fonte: O Estado de São Paulo, 25/05/2007, Nacional, p. A13
O governo paraguaio não vai seguir o caminho ¿populista¿ de ¿exacerbar o nacionalismo para ganhar adeptos e levar a uma confrontação¿. É o que afirma o chanceler Rubén Ramírez Lezcano, ao descartar a adoção das táticas da Bolívia na solução das pendências que o Paraguai tem com o Brasil.
Em entrevista ao Estado, ele faz um balanço positivo da primeira visita do presidente Lula, domingo e segunda-feira. Mas insiste que seu governo espera as soluções prometidas para Itaipu e o comércio.
Lula parece ter sido firme ao rejeitar uma renegociação do Tratado de Itaipu. Vocês vão insistir?
O presidente Nicanor Duarte Frutos expôs a vontade de seu governo de resolver uma série de questões vinculadas à administração da binacional e ao preço da energia. Lula expressou na declaração conjunta a predisposição de seu governo de alcançar soluções eqüitativas.
O que poderia mudar?
Já existe solução sobre a eliminação do fator de reajuste (sobre a dívida de Itaipu). Com isso, pode-se avançar em obras de uma subestação (do lado paraguaio), uma unidade de medição e eclusas de navegação do Rio Paraná. Estamos vendo se Itaipu pode financiar uma linha de transmissão no Paraguai. E esperamos que o Congresso aprove o Anexo A, para a co-gestão plena de Itaipu.
A imprensa paraguaia diz que Lula adiou a solução por 30 dias...
A visita de Lula reflete o alto nível de entendimento entre os dois governos. Há urgência em formalizar o comércio na Ciudad del Este e em todo o Paraguai. Já há consenso entre empresários e governo para eliminar mercadorias piratas e cumprir todas as obrigações tributárias no Paraguai. Há dois temas a resolver: a alíquota de imposto a ser cobrada dos sacoleiros e o volume que podem importar por ano. Os ministros da Fazenda e da Indústria e Comércio foram encarregados de solucionar isso em 30 dias.
Os paraguaios falam também de travas e barreiras não-tarifárias.
Há muitíssimas matérias pendentes. O Paraguai abriu totalmente sua economia. O Brasil não. Mas colocamos os problemas e encontramos no presidente Lula um interlocutor com vontade de resolvê-los.
Há candidatos à eleição presidencial (em abril de 2008) que defendem posição mais agressiva com o Brasil. Será que Duarte Frutos não seguirá esse caminho?
De maneira nenhuma. A relação entre Duarte e Lula é a melhor possível. Trabalhamos em plena coincidência de critérios. Que o Paraguai reclame o que considera importante não implica confronto com o Brasil.
A Bolívia foi vitoriosa em suas exigências frente ao Brasil. Seu estilo mais contundente pode servir de inspiração para vocês?
De nenhuma maneira. Provavelmente os populistas encontrem motivação de exacerbar o nacionalismo para ganhar adeptos e levar a uma confrontação. Não é o caso do governo. Acreditamos que todas as soluções podem ser encontradas na mesa de negociações.