Título: Governo preocupou Igreja, diz arcebispo de La Paz
Autor:
Fonte: O Estado de São Paulo, 25/05/2007, Internacional, p. A15
A eleição do presidente boliviano, Evo Morales, chegou a preocupar a Igreja Católica do país, que temia perder a liberdade. ¿Vivemos relações tensas no começo, porque pensávamos que iam suprimir a educação religiosa e nós queremos liberdade tanto para a Igreja Católica como para outros grupos¿, disse ao Estado o arcebispo de La Paz, d. Edmundo Luis Abastoflor, em Aparecida. Segundo ele, a situação mudou após Evo prometer respeitar a religião e a educação religiosa. O arcebispo participa da 5ª Conferência do Episcopado da América Latina e do Caribe, em Aparecida.
Na semana passada, o cardeal Julio Terrazas, arcebispo de Santa Cruz de la Sierra e presidente da Conferência Episcopal da Bolívia, apresentou ao plenário da conferência um relatório sobre a situação política e social da Bolívia no governo de Evo. O cardeal afirmou que ¿suscita temores a atenção, muito chamativa, de alguns dignitários do continente¿ em relação ao que acontece na Bolívia. ¿Ninguém desejaria sair de uma dependência externa para cair em outra¿, assinalou.
Terrazas destacou o empenho de Evo na ¿recuperação da propriedade e comercialização do gás e dos recursos naturais para reafirmar a soberania nacional e obter maiores lucros¿. Mas observou que a pobreza e a corrupção não diminuiram. ¿A simples retórica não melhora a qualidade de vida do povo.¿
Segundo Abastoflor, a Igreja, com 1.500 estabelecimentos de ensino na Bolívia, contribui para o bem-estar do povo, pois conhece a realidade socioeconômica do país. O plano pastoral, disse o arcebispo, respeita a cultura e as tradições dos indígenas, que são a maioria da população.