Título: Evo ataca empresários de comunicação
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Fonte: O Estado de São Paulo, 25/05/2007, Internacional, p. A15
O presidente da Bolívia, Evo Morales, acusou ontem os proprietários de ¿alguns meios de comunicação¿ de serem seus principais inimigos políticos. A denúncia foi feita durante o V Encontro de Intelectuais e Artistas em Defesa da Humanidade, em Cochabamba, que propôs medidas para ¿julgar¿ jornalistas e denunciar organismos da imprensa internacional, como a Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) e a ONG Repórteres Sem Fronteiras, por defenderem ¿interesses imperialistas¿.
Evo deixou claro, porém, que sua acusação era apenas contra os donos das empresas de comunicação. ¿Quase todos os jornalistas são militantes do Movimento ao Socialismo (partido do governo)¿, disse.
Evo denunciou casos de jornalistas que foram afastados por simpatizarem com sua linha política. ¿Há adulteração, perseguição e intimidação. Os jornais dizem o contrário do que acontece ¿, afirmou - repetindo o mesmo discurso do presidente venezuelano Hugo Chávez, seu aliado, que decidiu não renovar a concessão da emissora de TV RCTV, crítica ao seu governo.
Evo, porém, não deu nomes de jornalistas prejudicados nem dos veículos que considera ¿inimigos do governo¿. Em março, Evo acusou o jornal La Razón de ¿mentir e desinformar¿ a população do país. Na ocasião, o presidente boliviano insinuou que iria nacionalizar o jornal - que pertence a um grupo espanhol.
Os ataques de Evo aos meios de comunicação foram até brandos diante das resoluções propostas pelo evento de Cochabamba, que contou com a presença dos ministros da Cultura de Cuba, Abel Prieto; e da Venezuela, Francisco Sesto Novás. Os participantes decidiram criar uma comissão que vai observar a atuação dos meios de comunicação e um tribunal para ¿punir moralmente jornalistas que desinformem o povo¿.
Também sobraram críticas a organismos de imprensa internacionais, como a SIP e o Repórteres Sem Fronteiras, que denunciaram no passado riscos para a liberdade de imprensa no país. ¿Em nome de um conceito distorcido de liberdade de expressão, esses órgãos servem a interesses imperialistas¿, diz a declaração final do encontro.