Título: IBGE vê 2007 'frio' para emprego
Autor: Farid, Jacqueline
Fonte: O Estado de São Paulo, 25/05/2007, Economia, p. B4
O elevado número de pessoas à procura de uma vaga no mercado de trabalho manteve a taxa de desemprego em 10,1% em abril, mesmo nível apurado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em março. A manutenção de 1,13 milhão de desempregados em busca de emprego em São Paulo impediu uma queda da taxa na média das seis regiões metropolitanas pesquisadas.
No total das seis regiões, 2,3 milhões de pessoas estavam desempregadas e em busca de trabalho em abril. O gerente da pesquisa mensal de emprego do IBGE, Cimar Azeredo, avalia que o ano de 2007 'está frio' para o mercado de trabalho e a ocupação não cresce como se esperava. 'Há uma tendência de perda de postos de trabalho num momento em que vagas deveriam estar sendo criadas', disse.
Para Azeredo, a expectativa era de que a queda dos juros e o lançamento do Programa de Aceleração Econômica (PAC) já estivessem mostrando reflexos no emprego. 'Não ocorreu ainda o esperado ponto de inflexão na taxa. Parece que o cenário econômico não está aquecido o suficiente para melhorar o mercado de trabalho', afirmou.
Para ele, 'precisam acontecer grandes obras para gerar uma entrada forte (de pessoas) no mercado de trabalho, para reduzir a taxa de desocupação'. Azeredo ressaltou que a melhora qualitativa do mercado, com aumento da formalidade e do rendimento, continua, mas 'é necessário que haja resultados mais expressivos em termos quantitativos'.
Na comparação com março, o número de ocupados nas seis regiões metropolitanas pesquisadas caiu 0,3% em abril, com menos 68 mil vagas. Para Azeredo, a variação porcentual não é estatisticamente significativa 'mas é preocupante, pois pode significar uma tendência de queda' no momento em que se esperava a geração de vagas.
SÃO PAULO
A região metropolitana de São Paulo, que responde por 40% do emprego nas seis regiões pesquisadas, registrou desemprego de 11,6% em abril, ante 11,5% em março. Azeredo considera que é 'preocupante' que o número de desocupados em São Paulo, que tinha aumentado 10,4% em março em relação a fevereiro, não tenha cedido em abril, mantendo elevado o número dos que procuram uma vaga.
Para ele, o lado positivo do mercado de trabalho paulista é a formalização. Em abril, ante março, o número de empregados com carteira na região aumentou 1,8%. Houve redução de 5,2% dos trabalhadores considerados informais.
Apesar do elevado número de desempregados, o rendimento médio real dos trabalhadores prosseguiu em alta em abril e chegou a R$ 1.114,00, com aumento de 0,3% ante março e 5% na comparação com abril de 2006. Segundo Azeredo, o aumento está relacionado ao reajuste do salário mínimo, que passou de R$ 350 para R$ 380 em abril, à manutenção da inflação em um nível baixo.