Título: País está a um passo do grau de investimento
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Fonte: O Estado de São Paulo, 17/05/2007, Economia, p. B6

A Standard & Poor's melhorou ontem a classificação de risco de crédito soberano (do governo) do Brasil. A dívida de longo prazo em moeda estrangeira passou de BB para BB+ (um degrau) e a de longo prazo em reais, de BB+ para BBB (dois degraus). A dívida de curto prazo em moeda estrangeira foi elevada de B para A3.

A nota da dívida soberana de curto prazo em reais foi mantida em B. A perspectiva para a dívida de longo prazo permanece positiva. O rating em escala local foi elevado de brAA+ para brAAA e sua perspectiva é estável. A S&P também elevou a avaliação de transferências e conversibilidade da moeda do Brasil, de BBB- para BBB.

Segundo a analista de crédito Lisa Schineller, da S&P, essas mudanças são resultado do declínio contínuo da vulnerabilidade fiscal e externa do País e da expectativa de que o governo de Luiz Inácio Lula da Silva continua comprometido com essa política.

'O compromisso demonstrado pelo governo com a pragmática independência operacional do Banco Central e com uma política fiscal calibrada para manter a relação dívida/PIB em declínio é apoiada por uma ampla base de sustentação dos partidos políticos', observou ela.

Lisa destacou que a dívida externa líquida como proporção das exportações atingiram 50% em 2006, mas baixaram para pouco menos de 30%. A dívida interna foi reduzida de 44% para 43% do Produto Interno Bruto (PIB). Além disso, a diretora da S&P também manifestou como relevante a redução do peso dos juros sobre o passivo doméstico do governo.

'Há uma contínua melhora dos fundamentos do Brasil e nossa expectativa é que o governo mantenha a política econômica', afirmou. 'O upgrade da moeda local reflete a avaliação de que o mercado de capitais está se desenvolvendo.'

A executiva disse também que o governo está conseguindo ampliar os prazos de vencimento da dívida pública interna, especialmente porque há estabilidade macroeconômica, com inflação sob controle.

ÚLTIMO DEGRAU

A mudança promovida pela S&P indica que o próximo degrau, o grau de investimento, virá mais rápido, na avaliação do diretor de Pesquisa para Mercados Emergentes do WestLB, Ricardo Amorim. Segundo ele, a nota mais alta deverá fazer com que o real seja pressionado a se valorizar ainda mais.

Para o economista-chefe do Morgan Stanley para América Latina, Gray Newman, a melhora da nota com perspectiva positiva indica que aumentaram as chances de a S&P acelerar a promoção do Brasil ao grau de investimento. Segundo ele, a perspectiva positiva indica claramente que é o governo quem determinará em quanto tempo o País atingirá o grau investimento. 'A elevação da classificação não surpreendeu, o que surpreendeu foi a perspectiva positiva. Com isso, a S&P colocou a bola no campo do governo.'