Título: Petrobrás quer equilibrar oferta de gás em até 5 anos
Autor: Lima, Kelly
Fonte: O Estado de São Paulo, 17/05/2007, Economia, p. B8

A Petrobrás espera um maior equilíbrio da oferta e demanda do gás natural no País nos próximos quatro a cinco anos, por causa do crescimento da produção nacional e também dos reajustes de preços que deverão ser feitos a cada três meses, como prevê o contrato de fornecimento com a Bolívia. As alterações de preços seguem as oscilações do mercado internacional, afirmou ontem o presidente da Petrobrás, José Sérgio Gabrielli. 'Nenhum mercado pode crescer a 17% ao ano', disse, referindo-se ao elevado consumo de gás.

Indagado sobre a possibilidade de reajustar os preços do gás para conter a demanda interna, Gabrielli desconversou: 'Eu não estou dizendo isso. Eu não posso dizer isso. Os reajustes que irão ocorrer são os ajustes trimestrais que acompanham o valor do mercado'.

Em entrevistas anteriores, o executivo já havia afirmado que elevar o preço do gás seria uma das estratégias da estatal em momento de crise da oferta, para inibir o consumo. Entre 2003 e 2004, a Petrobrás usou o recurso em mão inversa: suspendeu os reajustes trimestrais dos acordos para incentivar a expansão do mercado doméstico. Na época, o Brasil consumia 9 milhões de metros cúbicos diários de gás natural, apesar de comprar em contrato do tipo 'take or pay' (pagamento por volume específico, mesmo que não consumido) 20 milhões de metros cúbicos por dia.

Segundo Gabrielli, apesar do crescimento de 17% ao ano, projetado para se repetir até 2012, a estatal está 'preparada para atender à demanda', já que contará com o início do processamento de Gás Natural Liquefeito (GNL) e continuará a receber o gás da Bolívia, conforme estabelecido no contrato, em vigor até 2019. Ele lembrou que a demanda nacional, hoje na casa dos 42 milhões de metros cúbicos por dia, deverá atingir a 121 milhões em 2011. A oferta atenderá a esse mesmo volume, sendo 71 milhões produzidos pelo Brasil, 30 milhões vindos da Bolívia e outros 20 milhões importados como GNL.

Segundo o executivo, haverá tempo para a implementação dos gasodutos que vão garantir a logística de escoamento do gás natural a ser produzido no País. Indagado sobre a possibilidade de a greve do Ibama atrasar alguma obra, ele disse que espera que a Petrobrás não seja afetada. 'Estamos esperando para as próximas semanas a liberação de licenciamento para trechos de gasodutos, e não acreditamos que vamos ter problemas quanto a isso.'

PRODUÇÃO

Gabrielli disse ainda que a estagnação na produção de petróleo no mercado interno verificada no primeiro trimestre não afetará a meta prevista para a estatal no longo prazo. Segundo ele, o fraco desempenho da estatal no período não deverá se repetir nos próximos meses.

'Certamente nós vamos superar a Vale neste segundo trimestre', disse Gabrielli, referindo-se ao lucro inferior ao da mineradora no trimestre passado. Ele destacou que o efeito câmbio 'evidentemente' afeta o caixa da empresa. 'A apreciação do real, da mesma maneira que faz com que nossas importações fiquem mais baratas, impacta nossos resultados devido ao menor rendimento nas exportações.' Ele destacou que a empresa é responsável por 6,5% das exportações e 5% das importações brasileiras.