Título: Barragens desalojariam menos de 3 mil pessoas
Autor: Domingos, João
Fonte: O Estado de São Paulo, 20/05/2007, Nacional, p. A12
De acordo com o parecer dos técnicos do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), 2.849 pessoas serão desalojadas pelas barragens das duas hidrelétricas do Rio Madeira, caso elas venham a ser construídas. É um número pequeno, se comparado ao de qualquer outro empreendimento do mesmo porte. Só no Açude do Castanhão, no Ceará, por exemplo, foram 4 mil as famílias retiradas do local, o que significa pelos menos 20 mil pessoas afetadas pela obra.
Tendo em vista que boa parte da população que será atingida pelas duas barragens do Rio Madeira para a construção das usinas é constituída de garimpeiros, é possível que se trate de uma população com fluxos migratórios. Mesmo tendo concluído que esses garimpeiros vivem em desacordo com a legislação ambiental, ao se referir a eles os técnicos tomaram uma atitude protelatória.
'De qualquer forma, é necessária a realização de estudos mais detalhados, porque, mesmo estando muitos desses trabalhadores em desacordo com as leis ambientais, o fato é que desenvolvem uma atividade produtiva, sustentam famílias e precisam estar contabilizados e diagnosticados para adequado tratamento', diz o parecer do Ibama.
Estudos mais detalhados exigem mais tempo.
GARIMPOS
Os garimpos de ouro, cassiterita e topázio são os mais importantes na área de formação da hidrelétrica de Jirau, sendo pouco expressivos na de Santo Antônio, a não ser por uma porcentagem bem pequena de pessoas residentes em Jaci-Paraná, de acordo com o parecer dos técnicos do Ibama. Na área de Santo Antônio, há registro expressivo de pessoas ligadas à extração de açaí, pupunha, castanha, andiroba, copaíba e cupuaçu.
A área de extração de ouro feita pela Mineração São Lourenço fica distante das duas hidrelétricas. As informações sobre topázio foram inconclusas. Na época das cheias do Madeira, quando o nível do rio atinge mais ou menos 18 metros de profundidade, a atividade garimpeira é realizada quase unicamente pelas dragas e balsas, poucas com auxílio de mergulhadores, além de raros garimpos manuais que utilizam equipamento rudimentar.
A média de extração de ouro é de 1,75 quilo/mês por draga. Cada uma das dragas gera, em média, cinco empregos diretos, com 20% da produção rateada entre os empregados como remuneração, propiciando renda mensal de cerca de R$ 2,65 mil por mês para cada operador (cotação do ouro feita, à época, a R$ 37 o grama). O custo médio de montagem de uma draga é de R$ 250 mil.