Título: Adubo sobe mais de 50%, apesar da queda do dólar
Autor: De Chiara, Márcia
Fonte: O Estado de São Paulo, 20/05/2007, Economia, p. B4
O dólar baixo comeu parte da renda do agricultor, favorecida pela alta das commodities agrícolas no mercado internacional. Mas, ao contrário do que se pensa, não aliviou os custos de produção, que têm forte influência da moeda americana.
O preço do fertilizante básico (NPK), por exemplo, subiu 54% nos últimos 12 meses no Centro-Oeste, região mais afetada pelo alto endividamento do campo. Em 2006, a tonelada do produto custava R$ 480 em Rio Verde, sul de Goiás. Neste ano, a mesma quantidade vale R$ 740. No mesmo período, o glifosato, um dos herbicidas essenciais para o plantio da soja, subiu 30% em reais.
'Estamos preocupados com o plantio da nova safra', diz o gerente-comercial da Cocamar, José Cícero Aderaldo. Se a preocupação com custos pesa para produtores de regiões rentáveis como o Paraná, o quadro é ainda mais crítico para o Centro-Oeste. Em Primavera do Leste, município que está a 130 quilômetros de Rondonópolis, sul de Mato Grosso, nunca o preço da soja esteve tão bom.
'Hoje, a saca está cotada em US$ 12, ante a média histórica de US$ 9', diz o presidente do Sindicato dos Produtores de Primavera do Leste, José Nardes. 'Mas não estamos usufruindo nada disso.' A falta de infra-estrutura, a alta do frete, de adubos e herbicidas pesam no bolso do produtor endividado.
Procurados pelo 'Estado', fabricantes de adubos não se manifestaram sobre reajustes. O Sindicato da Indústria de Produtos para Defesa Agrícola (Sindag) diz que a tendência é de redução de preços.