Título: Uma região em declínio, outra em ascensão
Autor: De Chiara, Márcia
Fonte: O Estado de São Paulo, 20/05/2007, Economia, p. B4
Revendas de picapes, móveis, eletrodomésticos e fabricantes de tratores sentiram no caixa os efeitos da mudança da geografia do agronegócio.Enquanto o Sul comemora o bom desempenho, o Centro-Oeste deixa a desejar.
As 13 unidades em Mato Grosso das Lojas Novo Mundo, especializada em móveis e eletrodomésticos, estão crescendo 6% este ano, abaixo da média das 70 lojas da rede, que foi de 9%. Em 2004, último ano de boom do agronegócio na região, o desempenho das lojas de Mato Grosso foi o dobro da média da rede. 'O crescimento de Mato Grosso estava fora da realidade', diz o gerente-comercial, José Roberto de Souza.
Na concorrente Ponto Certo, o quadro não é diferente. Claudinê Bobato Amorim, diretor da rede de 60 lojas, que atua em Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e São Paulo, diz que no primeiro quadrimestre o desempenho de Mato Grosso ficou abaixo da média. Ele conta que fechou quatro lojas em cidades dependentes do agronegócio e inaugurou outras cinco em municípios cuja base está na indústria e serviços.
A Via Láctea, concessionária Toyota com lojas em Cuiabá, Cáceres e Várzea Grande, em Mato Grosso, vendeu no primeiro quadrimestre deste ano 250 picapes, ante uma média de 400 para o período, em épocas normais. Cada picape pode custar até R$ 115 mil. 'O mercado continua prejudicado por causa da dívidas dos agricultores ', diz o diretor, Jorge Perez.
Já o Sul do País vive situação oposta. Em Londrina, norte do Paraná, a concessionária Jabur Toypar tem uma lista de espera de 55 clientes para comprar picapes e não aceita mais pedidos. Emerson Nobile, gerente Comercial da revenda, diz que, em abril, a empresa não participou da feira agropecuária de Londrina por falta de picapes.
No segmento de móveis e eletrodomésticos o impacto da renda do campo foi sentido. A Mercadomoveis, com 68 lojas no Paraná, registra neste ano crescimento de 35% nas vendas ante 2006. No ano passado, a queda havia sido de 20%, diz o superintendente, Marcio Pauliki. 'Tivemos em 2006 queda de até 40% nas vendas em cidades com alto grau de dependência do setor primário.'
As diferenças regionais entre o desempenho do Sul e do Centro-Oeste são confirmadas pelo diretor da fabricante de tratores John Deere, Paulo Hermann. A venda de tratores no Paraná e Rio Grande do Sul cresceu neste ano entre 40% e 50% ante 2006. Em Mato Grosso, em razão do endividamento e da baixa rentabilidade, não houve aumento. Hermann diz que o resultado de Mato Grosso é negativo porque, em 2006, o recuo nos volumes já havia sido de 40% ante 2005.