Título: Presidente quer novas regras para as licitações
Autor: Nossa, Leonencio e Domingos, João
Fonte: O Estado de São Paulo, 28/05/2007, Nacional, p. A5

O governo federal vai tentar reduzir a corrupção nas obras públicas feitas com dinheiro da União. Por determinação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, os ministros palacianos vão marcar uma ou mais reuniões para estabelecer regras que tornem mais transparentes os processos de licitação.

Despacham no Palácio do Planalto os ministros Dilma Rousseff (Casas Civil), Franklin Martins (Comunicação de Governo), Walfrido dos Mares Guia (Relações Institucionais) e Luiz Dulci (Secretaria-Geral da Presidência). Também deverá fazer parte do grupo que vai buscar saídas anticorrupção o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo. A ele e a Dilma Rousseff foi dada a missão de encabeçar o grupo que vai fazer os estudos para dar maior transparência aos atos do governo.

Além da transparência nas licitações, a preocupação de Lula tem razões políticas e geográficas. Toda visita a um dos ministros de uma pessoa envolvida em corrupção acaba por levar as desconfianças para dentro do Palácio do Planalto. Há dez dias, o prefeito de Camaçari, Luiz Caetano (PT), reuniu-se com a ministra Dilma para tratar de obras de saneamento para a cidade. No dia seguinte, foi preso pela Operação Navalha.

De acordo com assessores do Planalto, o presidente Lula está disposto a aproveitar o escândalo da máfia das obras públicas para tomar medidas que visem a compensar os estragos na imagem ética do governo.

Ainda conforme os auxiliares, Lula acha que as ações da PF devem continuar. Ele se posicionou contrário a uma provável ¿lei da mordaça¿ para a PF e para o Ministério Público, como querem o Congresso, o Supremo Tribunal Federal (STF) e entidades civis, todos preocupados com a pirotecnia das ações da Polícia Federal e o vazamento de informações que correm em segredo de Justiça.

Lula disse aos ministros que despacham no Planalto que o objetivo do governo deve ser o de ir além do combate aos desvios de dinheiro do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

Lula mostrou-se também preocupado com as repercussões negativas para o governo com a desconfiança de aliados em relação à forma como vem atuando o ministro da Justiça, Tarso Genro. No Senado, é forte a impressão de que Tarso age politicamente, como um operador de partido. A maior desconfiança contra Tarso está no grupo do presidente do Senado e do Congresso, Renan Calheiros (PMDB-AL).