Título: Investimento das empresas brasileiras é o maior desde 1999
Autor: Rehder, Marcelo
Fonte: O Estado de São Paulo, 28/05/2007, Economia, p. B1

O investimento das empresas brasileiras em 2006 foi o maior dos últimos oito anos. Levantamento da Serasa, feito com base nos balanços contábeis de 43,3 mil companhias que atuam nos diversos setores de atividade econômica, revela que os investimentos em ativos imobilizados, como máquinas, equipamentos e instalações, atingiu a média de 8,1% do faturamento líquido no período. É o mais alto desde 1999, quando o estudo passou a ser feito.

O conjunto de empresas analisadas registrou faturamento líquido (receitas operacionais menos impostos diretos e deduções) de R$ 1,384 trilhão em 2006, o que representa aumento de 5% em relação ao ano anterior (R$ 1,320 trilhão). Desse total, R$ 121,1 bilhões foram destinados a novos investimentos, ante R$ 85,8 bilhões em 2005. A diferença, de R$ 26,3 bilhões, equivale a um aumento de 30,6% no valor investido entre os dois períodos.

Por trás desse otimismo, segundo a Serasa, está a confiança dos empresários na manutenção do ritmo de expansão do mercado interno, que tem sido beneficiado por um conjunto de fatores, como estabilidade da inflação, ampliação da massa de salários, crédito farto e juros mais baixos.

Até mesmo o câmbio, que destoa do quadro positivo, tem beneficiado o investimento das empresas. A valorização do real em relação ao dólar, cuja cotação caiu abaixo de R$ 2,00, reduz o custo da importação de máquinas e equipamentos de tecnologia de ponta que permitem ganhos de produtividade às empresas instaladas no País. Com isso, elas podem reforçar sua capacidade de concorrência com o produto importado, além de preservar mercados externos já conquistados.

¿A economia brasileira passa por uma conjunção de fatores favoráveis que leva otimismo aos empresários e amplia o horizonte para o investimento¿, diz Márcio Torres, analista de crédito da Serasa que coordenou o estudo. ¿A manutenção desse cenário deverá levar à ampliação dos investimentos este ano.¿

Essa tendência é confirmada pela Sondagem Conjuntural da Fundação Getúlio Vargas (FGV), que ouviu 1.075 indústrias em abril. Pelo segundo ano consecutivo, 94% dos entrevistados vão investir. Essa marca é a maior desde 1998, quando esse quesito passou a fazer parte da sondagem. Nada menos que 34% das empresas consultadas vão investir mais este ano, enquanto 21% responderam que o investimento deverá ser menor.

A Indústrias Romi, líder nacional no mercado de máquinas-ferramenta, injetoras de plástico e fundidos e usinados, está investindo R$ 60 milhões este ano em aumento de capacidade e modernização de suas fábricas. Em 2006, a empresa investiu R$ 50 milhões. Esses recursos destinam-se principalmente às ampliações da área de fundidos e usinados (65%) e de máquinas-ferramenta (30%).

¿Vamos continuar a investir pesado no País¿, afirma Sérgio Novo, diretor-administrativo e de Relações com o Investidor. ¿Como o dólar baixo é uma variável sobre a qual não temos controle, somos obrigados a fazer a lição de casa diariamente.¿

Além dos R$ 60 milhões previstos para este ano, a Romi captou recentemente R$ 240 milhões no mercado de capitais para novos projetos nos próximos quatro anos.

Maior fabricante de embalagens plásticas e metálicas industriais no País, a alemã Mauser já investiu este ano R$ 60 milhões. Desse total, R$ 50 milhões foram destinados para conclusão de uma nova fábrica que foi inaugurada este mês, no parque industrial da Bayer, em Belford Roxo, no Rio.

Quase 30% do valor investido na nova unidade foi para a compra de uma máquina alemã com moderna tecnologia de processamento de coextrusão, que permite a reciclagem de embalagens. Com capacidade para produzir 1 mil toneladas de embalagens plásticas por mês, a fábrica deverá gerar cerca de 300 empregos na região.

¿Vamos atender exclusivamente o mercado doméstico, com a produção e distribuição de embalagens plásticas de 1 a 200 litros¿, diz Cláudio Parelli, presidente da Mauser. Entre os motivos que levaram a empresa a investir no País , ele cita o franco crescimento da indústria de embalagens e o momento favorável da economia brasileira.